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    O que ainda falta saber sobre a implosão do submarino Titan

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    Foto: (Ocean Gate / Handout/Anadolu Agency/Getty Images).

    Após seis dias de buscas, o mistério em relação ao destino do submarino Titan, que desapareceu no domingo após iniciar uma viagem até o naufrágio do Titanic, chegou ao fim. A Guarda Costeira americana confirmou ter encontrado destroços do submersível da OceanGate na área de buscas, e a análise do material indica que o veículo teve um final descrito como “catastrófico”, levando a morte de todos seus cinco tripulantes.

    As vítimas do acidente são o magnata britânico Hamish Harding, o CEO da OceanGate Stockton Rush, o mergulhador francês Paul-Henry Nargeolet, além do empresário paquistanês Shahzada Dawood e seu filho, Suleman Dawood.

    Há, no entanto, pontos ainda a serem esclarecidos quanto ao que aconteceu de errado com o submarino. Veja abaixo algumas questões em aberto:

    O que causou a implosão?

    Durante a coletiva de imprensa desta quinta-feira, Paul Hankins, especialista em salvamento da Marinha dos EUA, disse que os destroços encontrados “eram consistentes com a perda catastrófica da câmara de pressão no submersível”. Os detritos estavam a 1.600 pés da proa do Titanic e não há indicativos que o veículo tenha colidido com o naufrágio centenário.

    As autoridades encontraram “cinco pedaços principais de detritos” do Titan, incluindo uma calota de vonte, a extremidade frontal do casco resistente e a extremidade traseira do casco resistente, confirmou Hankins. Ele, no entanto, acrescentou que ainda não é possível precisar o que causou a implosão.

    Os corpos serão resgatados?

    Questionados durante a coletiva de imprensa, representantes da Guarda Costeira afirmaram que vão continuar as buscas na área do desastre. Eles informaram também que não há um plano claro para resgatar os restos mortais das vítimas.

    — É um ambiente incrivelmente implacável lá no fundo do mar — disse o contra-almirante John Mauger, da Guarda Costeira americano, em entrevista coletiva.

    Nas condições de profundidade enfrentadas pelo Titan, uma implosão provocada pela pressão significaria morte instantânea para todos a bordo.

    — Seria muito difícil encontrar restos mortais. Os destroços do submarino tem uma densidade maior, podem permanecer por um tempo no local, mas com a correnteza os restos humanos já devem ter sido levados para longe — disse ao GLOBO o oceanógrafo David Zee, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

    Quem irá investigar?

    A Guarda Costeira americana disse durante a coletiva de imprensa que irá desmobilizar os nove navios que se encontram na área de buscas. O órgão, no entanto, irá continuar a investigar a zona do desastre. Não há previsão para o fim dessa etapa.

    — Começaremos a desmobilizar pessoal e embarcações do local nas próximas 24 horas. Mas vamos continuar as operações remotas no fundo do mar — disse o contra-almirante John Mauger, da Guarda Costeira.

    De acordo com a BBC, não há ainda clareza quanto se algum outro orgão irá assumir a investigação do caso, dada a ausência de um protocolo para esse tipo de episódio. A situação se torna ainda mais complexa tendo em vista que o acidente ocorreu em uma parte remota do oceano e com pessoas de diferentes nacionalidades.

    Demora em alertar a Guarda Costeira

    As autoridades foram avisadas do desaparecimento do Titan oito horas após o veículo perder contato com a superfície. A demora do Polar Prince, navio que dava suporte a expedição da OceanGate, em alertar a Guarda Costeira não foi explicada até o momento. Representantes da empresa dona do navio se recusaram a explicar os motivos por trás da demora e se limitaram a afirmar que “todos os protocolos foram seguidos na missão”.

    Quais as consequências para futuras viagens submarinas?

    Antes da tragédia, a OceanGate já havia sido criticada por profissionais do setor de tecnologia marinha. Em 2018, 38 especialistas assinaram uma carta enviada a Stockton Rush no qual chamavam a atenção para o uso de “tecnologia experimental” na fabricação de seus submersíveis. O documento, revelado pelo The New York Times, afirmava que as consequências podiam ser catastróficas para todos — inclusive, a indústria de veículos submarinos tripulados.

    Nesta quinta-feira, o cineasta James Cameron, diretor do filme Titanic e um experiente mergulhador, comparou a conduta do CEO da empresa Stockton Rush a do capitão do navio de sua principal obra:

    — Muitas pessoas na comunidade estavam preocupadas com esse submarino. E os top players da comunidade de engenharia submarina escreveram uma carta para a companhia falando que o que eles estavam fazendo era muito experimental — ressalta Cameron.

    — Estou impressionado com a semelhança do próprio desastre do Titanic, onde o capitão foi repetidamente avisado sobre o gelo à frente de seu navio e ainda assim ele navegou a toda velocidade— continua o cineasta.

    Não se sabe ainda se o caso irá levar a criação de novos protocolos de segurança ou obrigar autoridades a reforçarem a fiscalização desse tipo de atividade. Veterano da Guarda Costeira americana, Aaron Davenport disse em entrevista a agência AP que a OceanGate falhou diversas vezes antes mesmo da tragédia ocorrer — por exemplo, ao não ter um navio capaz de resgatar o submarino em caso de emergência.

    — O que é confuso é que eles perderam as comunicações com o submarino no início da missão e não parece que eles tinham um bom plano para restaurar as comunicações e/ou abortar a missão.

    Fonte: Extra.

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    Sara Celestino
    Sara Celestinohttps://gazeta24horasrio.com.br
    Repórter-fotográfica, atuando na produção de conteúdo com objetivo de compartilhar a melhor informação para manter você bem-informado! E-mail. [email protected]

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