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    Operação prende criador de grupo do Discord que praticava estupro e estimulava suicídio

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    Na manhã desta terça-feira (4), a Polícia Civil deflagrou a segunda fase da Operação Dark Room nas cidades de Cachoeiras de Macacu, na Região Metropolitana, e Teresópolis, na Região Serrana, com o objetivo de cumprir três mandados de busca e apreensão e um de prisão contra o criador do principal grupo do Discord, uma plataforma onde membros praticavam estupros virtuais, induzimento à automutilação e ao suicídio de crianças e adolescentes. O suspeito, um jovem de 19 anos, foi preso na casa de sua avó em Teresópolis. Na plataforma, ele usava o apelido “King”.

    Segundo informações da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), o Discord é um aplicativo de comunicação que oferece suporte a mensagens de texto, voz, chamadas de vídeo, entre outros recursos. Embora tenha sido inicialmente concebido para a comunidade gamer, acabou se popularizando entre jovens e adolescentes para outros fins, sendo utilizado por usuários com interesses comuns que se reúnem em grupos chamados “servidores”.

    De acordo com a Dcav, três servidores da plataforma eram utilizados por um mesmo grupo de jovens e adolescentes de diferentes regiões do país para cometer atos de extrema violência contra animais e adolescentes. Além disso, eles divulgavam pedofilia, zoofilia e faziam apologia aberta ao racismo, nazismo e misoginia.

    Durante a investigação, foram obtidos vídeos publicados na plataforma que mostravam mutilações e sacrifícios de animais como parte de desafios impostos pelos criadores e administradores dos servidores. Esses desafios serviam como condição para que os membros ganhassem cargos na comunidade, o que incluía permissões e acesso a funções dentro do grupo. A maioria dessas ações era transmitida ao vivo em chamadas de vídeo para os integrantes dos servidores.

    Adolescentes também eram chantageadas e constrangidas a se tornarem escravas sexuais dos líderes, sendo vítimas de estupros virtuais que eram transmitidos ao vivo por meio de chamadas de vídeo para os integrantes do servidor. Durante essas sessões de sadismo, as vítimas eram xingadas, humilhadas e obrigadas a se despir e se automutilar. Sob o comando de seus “donos”, elas eram induzidas a fazer cortes com navalhas nos braços, pernas, seios, genitália e em outras partes do corpo. Muitos espectadores desses atos, conhecidos como “panela”, riam e se deleitavam com a crueldade, numa prática chamada de “LULZ” (trollar e rir do sofrimento alheio).

    Posteriormente, eram criados grupos públicos em redes sociais para publicar os vídeos e expor as vítimas dos estupros virtuais, numa prática conhecida como “exposed”.

    As vítimas, provenientes de várias regiões do Brasil, eram escolhidas no próprio Discord, em perfis abertos em redes sociais ou até mesmo indicadas por outros integrantes do grupo. Os líderes obtinham informações pessoais das vítimas, utilizando engenharia social e pesquisas em bancos de dados de consultas de crédito e hospitais, numa prática conhecida como “DOXX”. Em seguida, iniciavam uma série de chantagens até conseguirem exercer domínio sobre as vítimas.

    Na primeira fase da operação, que ocorreu no último dia 27, dois adolescentes foram apreendidos, sendo que um deles, de 17 anos, era considerado um dos principais líderes do grupo. Desde o início da força-tarefa, mais de 12 pessoas foram presas ou apreendidas pela Polícia Federal e Polícias Civis dos estados.

    Os envolvidos podem responder pelos crimes de associação criminosa, estupro de vulnerável e por vender, expor à venda e armazenar foto, vídeo ou outro registro com cena de sexo explícito ou pornografia infantojuvenil.

    Posicionamento do Discord

    Segundo a plataforma, nos últimos seis meses, 98% das comunidades identificadas que exibiam material com abuso de crianças no Brasil já foram removidas.

    “O Discord é amplamente utilizado pelas pessoas para interações positivas e para encontrar um senso de comunidade online. No Brasil, 99,9% das comunidades do Discord nunca violaram nossas políticas. Temos uma política de tolerância zero para atividades que possam ser prejudiciais à sociedade em nossa plataforma e estamos comprometidos em garantir que seja um lugar seguro e positivo para todos. Por meio de nossos esforços para combater ameaças à segurança infantil, removemos proativamente 98% das comunidades identificadas nos últimos seis meses que mostravam material com abuso de crianças no Brasil. Atualmente, mais de 15% de nossa equipe está focada em segurança – isso significa que temos mais funcionários trabalhando na segurança do que em marketing. Isso demonstra a prioridade que damos ao tema para termos uma plataforma segura para os usuários. Temos especial cuidado com os usuários brasileiros e estamos ativamente buscando parcerias no Brasil com pessoas e entidades especializadas em segurança infantil.

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