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    Maioria dos jovens empreendedores não recebe apoio do poder público

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    De acordo com o artigo “Mapa de políticas públicas para a juventude e o trabalho na cidade de São Paulo: uma perspectiva contemporânea”, cerca de 89% dos jovens empreendedores não recebem apoio do poder público, e a maioria deles ganha menos do que um salário mínimo com seus empreendimentos.

    A pesquisadora Maria Carla Corrochano, autora do artigo em colaboração com Luís Paulo Bresciani e Maria Eduarda Raymundo Nogueira, destacou a falta de linhas de crédito e agências de suporte aos jovens empreendedores, principalmente nas periferias. Embora exista o Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) em São Paulo, que é acessado pelos jovens, ele é específico para a cultura e não abrange todas as áreas empreendedoras.

    A pesquisa recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio do estudo Coletiva Jovem: um projeto de pesquisa e ação para suporte aos coletivos juvenis de produção nas periferias de São Paulo e Buenos Aires, conduzido por Carla Corrochano na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus de Sorocaba.

    Estima-se que a população jovem da cidade de São Paulo seja de 2,1 milhões de pessoas, representando 21% da população total, de acordo com a Fundação Seade em 2022. Essa faixa etária continua sendo a mais afetada pelo desemprego e subemprego, com uma taxa de desocupação de 31% na faixa etária de 18 a 24 anos em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Os pesquisadores destacam que o estímulo ao empreendedorismo pode ser uma solução importante para a geração de trabalho e renda para jovens entre 18 e 29 anos. No entanto, é necessário que sejam adotadas medidas concretas, como a criação de linhas de crédito e o apoio à formalização dos empreendimentos, além da melhoria na qualidade do trabalho. Também é fundamental incentivar propostas de empreendimentos coletivos, visando promover a economia popular e solidária.

    Atualmente, os programas existentes estão focados principalmente na formação dos jovens empreendedores. No entanto, é necessário fornecer acesso a crédito e espaços de trabalho adequados. A pesquisa revelou que a maioria dos jovens empreende em casa própria ou na casa de um amigo, sem ter um espaço específico ou equipamentos disponíveis.

    O estudo, apoiado pela Fapesp em colaboração com o Canada’s International Development Research Centre, realizou uma investigação qualitativa com 208 moradores das periferias sul e leste da cidade de São Paulo que participavam de coletivos ou de microempreendimentos individuais, ou combinavam ambas as atividades. As entrevistas foram realizadas online por dez pesquisadores jovens, com idades entre 17 e 29 anos, durante a pandemia da covid-19, no período de 2020 a 2021.

    Os resultados da pesquisaindicam que 62,5% dos coletivos e empreendimentos têm como local de trabalho a casa de algum integrante. Os empreendedores mencionaram como desvantagens a falta de direitos associados ao trabalho, como seguro-saúde, vale-refeição e vale-transporte (70,8%); a impossibilidade de descansar nos finais de semana ou tirar férias (65,3%); e a ocorrência de discriminação por serem jovens (48,6%).

    Por outro lado, os membros dos coletivos relataram a falta de segurança de renda mensal (70,8%), recursos insuficientes para necessidades individuais ou familiares (58,30%) e a ausência de carteira de trabalho assinada (50%).

    A pesquisa mostra que os jovens empreendedores estão cientes das condições precárias em que atuam. Muitas vezes, eles assumem essa condição por falta de alternativas ou para criar soluções diante da baixa qualidade dos trabalhos disponíveis. Eles reivindicam direitos associados ao trabalho formal, reconhecem a importância do acesso a crédito e, acima de tudo, desejam um trabalho que tenha significado.

    Segundo Carla Corrochano, a busca por sentido no trabalho é uma aspiração comum entre os jovens pesquisados. Eles estão envolvidos em atividades empreendedoras relacionadas ao ativismo, como abrir um brechó para promover o consumo consciente, trabalhar com ações de sustentabilidade ambiental, vender coletores menstruais ou produzir camisetas que valorizam suas comunidades. No entanto, eles têm consciência de que essa jornada não é fácil.

    Diversas iniciativas alinhadas a essas perspectivas foram integradas ao Centro Coletiva Jovem, uma experiência-piloto originada a partir da pesquisa e conduzida em parceria com a Ação Educativa e outras organizações da sociedade civil. Mais informações sobre essas iniciativas estão disponíveis no Catálogo Coletiva Jovem.

    O artigo investigou as políticas públicas de geração de trabalho e renda para a juventude, descrevendo e analisando as mudanças mais relevantes ocorridas na cidade de São Paulo a partir de 2013, ano marcado pelas manifestações de rua que impactaram o país.

    Para obter mais informações sobre o Centro Coletiva Jovem, é possível acessar o site do centro.

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