Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, foi baleada no queixo e não resistiu. Crédito: Reprodução
O pai da adolescente de origem cigana Hyara Flor Santos Alves, morta na quinta-feira (6), em Guaratinga, no extremo-sul da Bahia, acredita que a família de seu genro, apontada como suspeita do crime, tenha se aproximado da dele e incentivado o casamento entre os dois primos, de apenas 14 anos, com a intenção de se vingar.
“Nós do lado de cá estávamos de coração aberto; eles lá, não: só queriam a vingança mesmo, porque meu irmão tinha um caso com a mulher do pai dele [do genro]”, disse o autônomo Hiago Silva, 30, em entrevista ao CORREIO. Segundo o pai da vítima, o pedido de casamento partiu do rapaz, há um ano.
Até então, os relacionamentos entre as duas famílias e entre o casal eram considerados amistosos. “Quando eles eram noivos, pra me iludir, o relacionamento era bom. Na minha frente, era uma coisa; por trás, era outra. Minha filha sofreu 46 dias, sem parar”, lamentou Hiago. Desde a morte da menina, a família de seu esposo, que morava a cerca de 300 metros da sua, está desaparecida.
Relembre
Hyara Flor Santos Alves foi morta na quinta-feira (6), em Guaratinga, no extremo-sul da Bahia, com um tiro no queixo. Segundo a Delegacia Territorial (DT) de Guaratinga, no local do crime, foram apreendidos uma pistola calibre 380, dois carregadores e munições. O caso foi registrado como feminicídio, mas não foram divulgadas mais informações sobre o suspeito.
Depois de ter sido baleada, a adolescente chegou a ser socorrida para um hospital da região, porém não resistiu. Ela deu entrada na unidade com a informação de que teria se ferido no queixo ao ter limpado a pistola. No entanto, contradições levantaram a suspeita de que se tratava de um crime.
A Polícia Militar (PM) foi chamada. Testemunhas contaram à equipe da 7ª Companhia Independente (CIPM) que o esposo de Hyara Flor fugiu com o pai depois do fato. Eles não foram localizados.
Menina sofria em silêncio
De acordo com Hiago Silva, Hyara Flor vinha sofrendo nas mãos da família do genro desde o início do casamento. Após oficializada a união, a menina se mudou para uma casa anexa ao imóvel dos sogros dela, onde passou a morar com o esposo. “Minha filha era uma criança. Ela tinha medo de confronto e de falar alguma coisa pra nós, e nós brigarmos com eles”, contou o pai. “Encontrei umas manchas roxas nos braços dela uns dias atrás e perguntei o que foi. A sogra dela foi que me respondeu dizendo que foi uma mordida que o marido tinha dado”, acrescentou.
Na noite anterior a sua morte, a vítima ligou para o pai pedindo que fosse visitá-la, a fim de conversar. O pedido, porém, não pôde ser atendido por Hiago, que, no momento do ocorrido, voltava de viagem a Itabela, município vizinho de Guaratinga. “Quando eu cheguei na minha casa, me ligaram: ‘Vem cá, que mataram a Hyara'”, relembrou o autônomo, que tinha ficado incrédulo com a notícia.
Fonte: Correio 24horas.