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Túmulo de Clara Nunes tem objetos furtados

O túmulo da cantora Clara Nunes (1942-1983), localizado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio, foi alvo de furto de quatro argolas. Um fã, residente em Minas Gerais, que costuma visitar o local, notou a ausência dos objetos em sua última visita.

Vailton Rocha, de 53 anos, registrou uma foto do túmulo da artista em março de 2021 durante uma de suas visitas. No último domingo (9), ao tirar uma nova fotografia, ele percebeu a diferença. Nas redes sociais, ele expressou indignação com o furto das argolas, embora não seja possível confirmar se eram de fato de bronze, conforme relatado pelos fãs.

Em entrevista ao DIA, Vailton demonstrou tristeza diante do ocorrido: “Ao analisar as fotografias, percebi que o jazigo estava sem as quatro argolas. Embora o túmulo esteja bem conservado, os objetos de bronze agora estão ausentes.” Ele compartilhou que sua admiração por Clara Nunes começou nos anos 1970, quando ouviu a música “Feira de Mangaio”. Segundo ele, Clara tinha uma forma única de interpretação, e ele se sente fortemente identificado com ela, especialmente por ela ser mineira. “Minha admiração por ela será eterna”, afirmou.

O túmulo de Clara Nunes recebe frequentemente a visita de muitos fãs no Cemitério São João Batista. Márcio Guima, sobrinho da artista, comparou essas visitas a uma peregrinação e lamentou o furto, comentando: “O túmulo dela é muito visitado. A figura de Clara atrai pessoas de diferentes vertentes do espiritualismo, e os fãs vão anualmente ao sepulcro. É triste que esses furtos tenham ocorrido.”

A Polícia Militar informou que não realiza patrulhamento dentro de cemitérios, sendo a segurança do São João Batista de responsabilidade da concessionária Rio Pax, que administra o local. Até o momento, a empresa não se pronunciou sobre o ocorrido. O cemitério permanece aberto ao público.

Clara Nunes, nascida em Caetanópolis, iniciou sua carreira cantando em bares de Belo Horizonte. Seu primeiro trabalho profissional foi uma participação no disco “Os Vibrantes: 25 anos da Rádio Inconfidência” em 1961. Após se mudar para o Rio de Janeiro, lançou seu primeiro LP, “A Voz Adorável de Clara Nunes”, em 1966. Na Cidade Maravilhosa, ela se aproximou da Portela e se envolveu com compositores de samba. Também teve contato com terreiros de religiões de matriz africana, apaixonando-se pelo candomblé. Em 1971, tornou-se umbandista, religião que praticou até sua morte.

Ao longo de sua carreira, Clara gravou 17 discos e foi a primeira cantora brasileira a vender mais de cem mil cópias com um álbum. Seu último trabalho, “Nação”, foi lançado em 1982, um ano antes de sua morte. Clara era conhecida por seu carisma, por interpretar canções de diversos ritmos, por seus figurinos brancos e por valorizar a cultura afro-brasileira. Ela também foi a artista com mais clipes lançados no programa “Fantástico” da TV Globo.

Em 5 de março de 1983, aos 40 anos, Clara Nunes teve uma reação alérgica à anestesia durante uma cirurgia para remover varizes. Ela sofreu uma parada cardíaca e ficou internada por 28 dias na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio. Após quase um mês em coma, a cantora faleceu. Seu corpo foi velado na quadra da Portela, em Madureira.

Após um relacionamento com o produtor Adelzo Alves, responsável pelos discos que impulsionaram a carreira de Clara no Brasil, ela se casou com o compositor Paulo César Pinheiro, mas o casal não teve filhos.

Em Caetanópolis, há um memorial que guarda figurinos, troféus, fotos, discos e outros objetos da cantora.

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