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Riocard deixará de ser aceito em ônibus, BRTs e vans do Rio; Paes diz que ‘raposa não vai mais cuidar do galinheiro’

O prefeito Eduardo Paes enfatizou que as denúncias de corrupção durante a época da Lava-Jato tiveram como pano de fundo os saldos não utilizados do Riocard:

— Jaé é transparência. Riocard é caixa-preta. Não vamos mais permitir que as empresas controlem a bilhetagem — declarou Paes.

O Riocard continuará a ser utilizado nos serviços de transporte concedidos pelo governo do estado, como ônibus intermunicipais, vans, barcas, trens e metrô. Durante a fase de transição, o Riocard também será aceito em todos os modais sob responsabilidade da prefeitura. No entanto, a concessionária do Jaé está negociando com as empresas concessionárias dos trens e do metrô a adesão ao novo sistema.

O processo de transição ocorrerá em etapas. A partir de agosto, em um cronograma a ser divulgado, a prefeitura iniciará o cadastro de gratuidades para idosos, estudantes da rede pública e pessoas com deficiência. Esse processo será realizado em parceria com unidades de saúde e a Secretaria Municipal de Educação. Entre agosto e outubro, a concessionária do Jaé implementará gradualmente os validadores nos outros modais.

De novembro até o final de janeiro, os passageiros dos serviços municipais poderão optar entre usar o Riocard ou o Jaé para se deslocar. A partir de 1º de fevereiro, somente o Jaé será permitido. Para os usuários do Bilhete Único Intermunicipal (BU), será estabelecido um esquema híbrido. O novo operador divulgará um cronograma para atender os departamentos de recursos humanos das empresas que atualmente adquirem créditos para seus funcionários apenas por meio do Riocard.

A partir desta quarta-feira, os usuários do BRT já poderão adquirir os cartões do Jaé nas estações. O cartão terá o custo de R$ 4,30, o valor da tarifa do Bilhete Único Carioca (BUC), e esse valor será convertido em créditos para a viagem. O cadastro no novo sistema já está disponível para proprietários de celulares com sistemas operacionais Android e iOS.

No momento, o Jaé só será válido para o BRT, portanto, o usuário precisará ter cuidado ao escolher o modelo de cartão. Caso precise continuar a viagem usando outro modal sem pagar outra passagem durante o período de validade do Bilhete Único (3 horas), o passageiro deverá utilizar o Riocard.

A secretária municipal de Transportes, Maina Celidonio, ressaltou que o novo sistema trará mais transparência ao sistema de bilhetagem e permitirá um melhor planejamento das viagens pela cidade, uma vez que as informações sobre origem e destino serão monitoradas em tempo real.

— A primeira coisa que faremos é abrir a caixa-preta. Atualmente, a bilhetagem está sob o controle das empresas. Não temos dados auditados nem conseguimos precisar quantos passageiros entram e o que é arrecadado, nem o destino do saldo remanescente. Com o novo sistema, teremos acesso à receita do sistema e poderemos planejar a rede com mais eficiência. Atualmente, temos muitos dados inconsistentes — disse Maina.

A implementação do Jaé é também o primeiro passo para a mudança no atual sistema de remuneração das empresas que operam o sistema em consórcios. O objetivo é equilibrar melhor as receitas entre os consórcios Internorte, Intersul, Transcarioca (que opera na região da Barra, Recreio e Jacarepaguá) e Zona Oeste (restante da Zona Oeste). Será estabelecido um mecanismo de compensação tarifária para distribuir a receita arrecadada.

— Atualmente (desde junho de 2022), a prefeitura tem um modelo híbrido de operação do sistema. Os consórcios são remunerados pela tarifa, e a prefeitura fornece um valor adicional por quilômetro rodado. Nesse modelo, as empresas que operam o Intersul têm proporcionalmente mais receitas (por percorrerem distâncias menores) do que o Santa Cruz. Quando o Sistema Jaé estiver totalmente implantado, o quilômetro percorrido em qualquer lugar da cidade terá o mesmo valor.

O Riocard TI, que opera o sistema atualmente, afirma que os dados sempre foram transparentes e as informações foram fornecidas à prefeitura. Os acionistas da empresa têm ligações com os empresários que operam os ônibus da cidade em consórcios, e, de acordo com as regras do edital de concessão, não puderam participar da concorrência. O Consórcio Bilhete Digital administrará o sistema por 12 anos (renováveis por igual período) em troca de uma participação nas receitas da bilhetagem.

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