No ano passado, o Estado do Rio registrou um total de 4.485 vítimas de mortes violentas intencionais, abrangendo homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de ações policiais. Isso equivale a 28 mortes a cada 100 mil habitantes, mais que o triplo da taxa de São Paulo, que teve 3.735 vítimas (8,4 mortes a cada 100 mil paulistas), a menor taxa do país. Esses dados são do anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado recentemente.
A taxa nacional de mortes violentas por 100 mil habitantes foi de 23,4. Embora o Rio de Janeiro ainda seja mais violento que a média nacional, houve uma diminuição no número de vítimas em comparação a 2021, quando foram registradas 4.762 mortes no estado (aumento de 5,85% em relação a 2022). Já em São Paulo, o aumento foi de 1,9%, com 69 vítimas a mais no ano passado.
Um dado preocupante é que quase um terço das mortes violentas no Rio em 2022 (29,7%) foram resultado de intervenções policiais, enquanto em São Paulo, esse número representa 11,2% do total.
O Rio de Janeiro é o terceiro estado com o maior número de mortes decorrentes de ações policiais, ficando atrás apenas de Amapá e Bahia. O anuário enfatiza que as estatísticas nacionais comprovam que “polícias violentas não reduzem a violência”.
Os pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública destacam a experiência positiva de São Paulo em acoplar câmeras nos uniformes de policiais militares como uma medida capaz de reduzir a letalidade policial. A transparência e o controle da atividade policial contribuíram para a diminuição das mortes e mudaram o perfil das vítimas, incluindo a redução do número de adolescentes vitimados.
O levantamento também aponta que o Rio de Janeiro liderou o ranking de interrupções nas atividades escolares devido à violência. A taxa de escolas alvo de tiroteios e balas perdidas no estado foi de 13,5% em 2022, enquanto a média nacional foi de 1,7%. O relatório ressalta que estudar no Rio implica conviver com a possibilidade cotidiana de ser vítima de violência associada ao conflito urbano.
Em relação aos crimes de estelionato, São Paulo registrou 638.629 casos em 2022, um aumento de 67% em relação ao ano anterior. Grande parte desses crimes é realizado através da internet. O Rio de Janeiro também enfrentou um aumento significativo, com 123.841 ocorrências registradas, representando um aumento de 74,1% em relação a 2021. Roubos e furtos de celulares também aumentaram no estado, passando de 29.127 em 2021 para 46.209 em 2022. São Paulo lidera esse tipo de ocorrência, com 346.518 casos em 2022, um aumento de 19,7% em relação a 2021.