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    Atos no Rio de Janeiro lembram 30 anos da Chacina da Candelária

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    A Avenida Presidente Vargas é uma das vias mais movimentadas do centro do Rio de Janeiro e, logo no início, destaca-se uma imponente igreja que chama a atenção de quem passa. Na manhã de segunda-feira, 24 de julho de 2023, enquanto carros e ônibus contornavam a praça onde se encontra a Igreja da Candelária, um grupo de jovens realizava uma lavagem simbólica dos degraus que levam da calçada à entrada do templo. Essa ação tem como propósito lembrar os trágicos eventos da Chacina da Candelária, que completaram 30 anos no dia anterior.

    A lavagem dos degraus é uma forma de protesto contra a violência que ceifou a vida de várias crianças no estado ao longo dos últimos anos. Os nomes das vítimas fatais da violência foram escritos no chão, tornando impossível ignorar a brutalidade que assolou a região.

    A Chacina da Candelária ocorreu em 23 de julho de 1993, quando policiais militares assassinaram oito meninos que dormiam nas proximidades da igreja. O crime teria sido motivado por um incidente no dia anterior, em que os meninos teriam arremessado pedras em um carro da Polícia Militar.

    Para marcar os 30 anos da chacina, mais de 20 adolescentes do grupo de percussão Casa do Menor São Miguel Arcanjo, de Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio, se apresentaram tocando seus instrumentos, demonstrando que a memória dessas vítimas não deve ser silenciada. A professora do grupo, Grayce Andley, ressaltou que esse ato tem o objetivo de mostrar solidariedade aos familiares das vítimas e que eles não estão sozinhos em sua busca por justiça.

    O dia de homenagens foi organizado pelo Movimento Candelária Nunca, uma organização não governamental que vai além de pedir justiça pelos oito assassinados. O movimento também almeja melhorias nas políticas públicas e deseja que as crianças e adolescentes possam viver em paz em suas comunidades.

    Atualmente, dados alarmantes indicam que chacinas policiais continuam a ocorrer no Rio de Janeiro, com um estudo do Grupo de Estudos de Novas Ilegalidades da Universidade Federal Fluminense revelando 27 “megachacinas” policiais no estado entre 2007 e 2022, resultando na morte de 300 pessoas.

    O ato de homenagem contou com a presença de várias pessoas, incluindo Marinete da Silva, mãe da vereadora carioca Marielle Franco, que foi assassinada em março de 2018. Marinete expressou solidariedade a todas as vítimas de chacinas e destacou a importância de continuar a lutar por justiça.

    Apesar dos avanços no caso da Chacina da Candelária, com a condenação de policiais envolvidos, ainda há um sentimento de impunidade entre os ativistas e familiares das vítimas. Eles reivindicam a devida reparação para as famílias afetadas pela violência cometida pelo Estado e clamam por políticas públicas mais efetivas para proteger crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social.

    O ato também ressalta a necessidade de se enfrentar a violência policial e buscar soluções para combater a impunidade e garantir que a memória das vítimas não seja esquecida. A presença da mãe de Marielle Franco, assassinada por sua atuação na luta pelos direitos humanos, adicionou um significado adicional à manifestação, evidenciando a união em torno dessa causa.

    Diante das estatísticas preocupantes e da continuidade da violência, é essencial que as autoridades se empenhem em medidas eficazes para reduzir a letalidade policial e garantir a proteção dos cidadãos, especialmente das crianças e adolescentes mais vulneráveis. Ações coordenadas do poder público e da sociedade civil são fundamentais para mudar essa realidade e criar um futuro mais seguro e justo para todos.

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