O funeral de Gilsonei Vasconcelos Xavier, um barbeiro de 35 anos, foi marcado por apelos por justiça e rapidez nas investigações da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) em relação à sua morte. A cerimônia de sepultamento ocorreu na tarde desta terça-feira (22), no Cemitério do Cacuia, na Ilha do Governador, Zona Norte. Amigos e familiares compareceram ao local portando cartazes com as inscrições “Justiça por Soney” e “Homicídio no Garota Vip”. A mãe de Gilsonei, Claurisnilda Xavier, estava visivelmente emocionada durante o trajeto até o local de sepultamento.
Nelma Vasconcelos, irmã do barbeiro, afirmou que uma testemunha a abordou para relatar que testemunhou seu irmão sendo agredido por um homem dentro do evento Garota Vip. Segundo a testemunha, o barbeiro foi alvo de vários chutes quando já estava caído e inconsciente. “Essa testemunha relatou ter visto tudo, observando um homem se aproximando rapidamente e empurrando-o. Foi esse empurrão que fez com que ele batesse a cabeça, causando um impacto tão forte que a testemunha sentiu náuseas”, declarou Nelma.
Nelma também alegou que a equipe de segurança do evento impediu a gravação de vídeos em uma parte da festa. “Tentaram pegar câmeras para filmar ele sendo agredido, mas os seguranças não permitiram. Já vi vídeos de outras pessoas sendo derrubadas pelos seguranças. Queremos entender o que ocorreu após o show”, concluiu ela.
Outra irmã do barbeiro expressou que a empresa responsável pelo evento não entrou em contato com a família para oferecer apoio ou esclarecimentos. “Ele era o pilar de nossa família, nosso alicerce, e agora nossa família está destruída”, lamentou.
Uma amiga de Gilsonei, Jéssica Barradas, questionou a Polícia Civil sobre o progresso das investigações e exigiu esclarecimentos sobre como o corpo do barbeiro foi encontrado a 2 km de distância do local onde ocorreu o Garota Vip. “A polícia tem a responsabilidade de investigar isso. O corpo saiu do Parque Olímpico e foi encontrado a 2 km de distância. Ele não recebeu socorro, foi encontrado já sem vida. Exigimos que a Polícia Civil analise as câmeras de segurança”, enfatizou. Jéssica também mencionou que recebeu vídeos nos quais os seguranças do evento estavam envolvidos em agressões.
Segundo a amiga, não importa se Gilsonei estava sob influência de álcool ou não; o importante é esclarecer como seu corpo foi localizado distante do local da agressão.
A ex-mulher do barbeiro, que é também mãe de um dos filhos dele, também compareceu ao enterro. Profundamente abalada com a morte, ela expressou sua preocupação sobre como criar seu filho sem a presença do pai. “Meu filho adorava o pai; como ele vai crescer sem o carinho e o amor do pai?”, indagou.
Gilsonei deixou para trás dois filhos, um bebê de oito meses e um menino de 4 anos. “Ele era incrível como amigo, filho e pai. Incrível em todos os sentidos”, desabafou Nelma, a irmã, durante o velório.
Relembrando o caso, o barbeiro foi encontrado morto no domingo (20), algumas horas após o evento Garota Vip, em um terreno da Aeronáutica próximo ao local onde a festa ocorreu, no Parque Olímpico, na Zona Oeste do Rio.
Inicialmente, a família suspeitava que ele poderia ter morrido ao cair do muro que cerca a área militar, mas receberam informações através das redes sociais de que Gilsonei havia sido agredido durante o evento. O barbeiro teria sido removido pelos seguranças do Garota Vip após um suposto conflito com uma mulher e então atacado por um homem. O golpe teria feito com que ele caísse e batesse a cabeça no chão, onde foi alvo de chutes por parte de outras pessoas.
O laudo preliminar da necropsia conduzida pelo Instituto Médico Legal (IML) indicou lesões que podem ou não estar relacionadas à morte do indivíduo. O documento também menciona uma broncoaspiração na vítima. Exames complementares estão sendo realizados para que o legista possa determinar a causa da morte. A DHC ainda não descarta a possibilidade de que Gilsonei tenha sido vítima de lesões seguidas de morte, nem exclui a hipótese de que ele tenha falecido após a queda do muro da propriedade militar. Investigações continuam em andamento na DHC.