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Jovem que acusa ex e família de agressões e cárcere consegue medida protetiva contra suspeitos

Andressa Maria de Melo Campista, de 24 anos, cujas acusações envolvem agressões e cárcere perpetrados pelo ex-namorado, sua mãe e tia, conquistou uma medida protetiva através do sistema judicial do Rio de Janeiro. Atualmente, a jovem está recebendo cuidados psicológicos e medicamentos.

A juíza Luciana Fiala Siqueira de Carvalho, em decisão emitida nesta terça-feira (22), ordenou que o trio suspeito seja proibido de se aproximar de Andressa a menos de 250 metros de distância. Os indivíduos também estão impedidos de estabelecer comunicação com ela. A magistrada, ademais, encaminhou Andressa para um programa de proteção voltado às mulheres, agora sob a supervisão da equipe da Patrulha Maria da Penha.

Na justificativa para sua determinação, a juíza Luciana enfatizou a correlação entre violência contra as mulheres e a desigualdade de gênero, destacando a importância de tratar esse problema como uma questão de ordem pública. No caso específico de Andressa, as evidências apresentadas durante o processo foram suficientes para justificar a concessão de medidas protetivas.

“A violência contra as mulheres está presente em todas as classes sociais, etnias e faixas etárias. Constitui um dos fatores estruturantes da desigualdade de gênero, deixando de ser vista como um problema de âmbito privado ou individual para ser encarada como um problema de ordem pública. Nesse contexto, verifica-se que os elementos trazidos aos autos são mais que suficientes para caracterizar verdadeiro risco à integridade física da vítima a ponto de se conceder as medidas pleiteadas, cujo caráter é excepcional”, escreveu.

O descumprimento das determinações pode resultar na prisão preventiva dos suspeitos. O caso está em curso de investigação pela 13ª Delegacia de Polícia (Ipanema). A Polícia Civil planeja interrogar os envolvidos e conduzir outras diligências para esclarecer os fatos.

Relato de agressões e cárcere privado

Andressa usou suas redes sociais nesta quarta-feira (23) para detalhar o caso. Ela compartilhou que conviveu com o ex-companheiro e as duas mulheres por apenas sete dias. Durante esse período, Andressa alegou ter sido mantida em confinamento no quarto, com permissão para sair por apenas 30 minutos.

“Tinha direito apenas a duas saídas de, no máximo, trinta minutos. Se eu excedesse, eu tinha problemas. Elas restringiam minha quantidade de comida, não me permitiam tomar banho diariamente e me exploravam ao fazer trabalhos de design de graça para a empresa da mãe”, relatou.

Andressa contou que, ao tentar sair após esses dias, foi impedida pelo ex-companheiro, resultando em uma discussão na sexta-feira passada (18). Nesse ponto, a tia do homem teria ordenado que ele a prendesse e então a agredido com um aparelho de barbear descartável enquanto a humilhava. Mesmo tendo sido levada ao hospital, Andressa negou as agressões por medo das ameaças que sofria.

“Ela dizia: ‘Se gritar, seu cachorro morre.’ Sangrei muito e pedi para que me levassem ao médico, mas ela impôs uma condição: tomar 20mg de Zolpidem para simular loucura de suicídio. Chegando no hospital, o médico desconfiou porque pessoas que querem se suicidar usam lâmina de barbear e não aparelho descartável (que é mais seguro). Estava claramente configurado como tortura. Eu neguei todas as suspeitas do médico por medo. Se eu denunciasse, meu cachorro morreria. ‘Ah, mas fez tudo isso só por causa de um cachorro?’ Dorothy é minha filha. Jamais fugiria e a deixaria morrer. ‘Ah, mas por que não fugiu durante os 30 minutos de passeio?’ Simples, ameaças de matar meus familiares”, desabafou.

Andressa explicou que, ao voltar para a casa, confrontou a tia do homem devido ao ocorrido, resultando em mais uma rodada de agressões. A tia a teria obrigado a ingerir remédios à força e a agrediu com socos e tapas no rosto, enquanto a mãe do companheiro demonstrava preocupação com uma possível tentativa de suicídio.

“Nesse momento, enquanto os três estavam distraídos com o que fazer, consegui pegar meu cachorro e pedir socorro. Desci as escadas do condomínio gritando por ajuda. Um casal de vizinhos me socorreu e me levou de carro. Foi nesse momento que o efeito do remédio me atingiu e eu não me lembro de mais nada. Lembro de estar descalça, sangrando e vagando pela rua procurando meu cachorro. Minha mãe veio me buscar em Copacabana”, disse.

Andressa foi socorrida e levada ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte, onde recebeu alta na segunda-feira (21). Ela também foi atendida no Instituto Municipal Philippe Pinel, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, onde uma psiquiatra destacou que Andressa não apresenta comportamento suicida.

Andressa acrescentou que o suspeito devolveu seus animais de estimação, mas o cachorro estava ferido, com uma pata presa em um ferro. O cão foi levado ao veterinário e já se encontra em recuperação.

“No entanto, ele está traumatizado. Ninguém pode se aproximar de mim que ele ataca. Atualmente, estou em tratamento psicológico e tomando medicamentos. Nunca deixem o medo silenciar vocês. Eles alegam que eu queria me matar. Quem quer se matar não grita por socorro. Se fosse esse o caso, eu não pediria ajuda. Se fosse o caso, eu não estaria cheia de hematomas pelo corpo”, concluiu.

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