Foto: Divulgação.
A Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Saúde, realizou na quarta-feira (23/08) a quarta edição do Saúde na Roda, que ocorreu no auditório do Banco Mumbuca (no Centro) e teve como tema central “Infâncias contra-hegemônicas: por um SUS que produza cuidado a todas as infâncias e juventudes”.
O encontro reuniu profissionais de saúde, gestores e os moradores em geral, discutindo o cuidado de crianças e adolescentes que não fazem parte dos padrões sociais considerados normativos, como quilombolas, indígenas e pessoas dessa faixa etária com problemas relacionados a álcool e outras drogas.
Foi destacada a importância de garantir os direitos e o cuidado em saúde com dignidade a esses públicos, respeitando suas subjetividades, contextos socioeconômicos, culturais e singularidades.
Com aproximadamente 40 mil crianças e adolescentes cadastradas nas Unidades de Saúde da Família (USF) e mais de 6 mil atendimentos infanto-juvenis realizados apenas em julho deste ano. Isso exige olhar atento às demandas e políticas públicas para as pessoas com até 18 anos.
A programação contou com a contribuição de Isadora Simões de Souza, doutora em psicologia social; Vânia Lopes Silva, apoiadora técnica da Secretaria de Saúde; além da mediação de Aline Peixoto, coordenadora da área técnica de Saúde da Criança e do Adolescente de Maricá.
Para Isadora Simões, debatedora convidada, discutir esses temas exige uma reflexão complexa, que gera resultados na assistência em saúde.
“Debater esse tema passa pela discussão sobre a maternidade, as questões de saúde mental, os transtornos psíquicos e os julgamentos morais que discriminam essas crianças e adolescentes. Com isso, pontuamos que crianças e adolescentes são sujeitos e não objetos, necessitando de cuidados e de escuta, tendo particularidades e singularidades respeitadas para garantir o cuidado em saúde”, destacou Simões.
Vânia Lopes Silva, que também participou do diálogo, ressaltou que é preciso pensar em todas as infâncias e adolescências.
“Precisamos estar atentos às crianças e adolescentes que não se enquadram nas normalidades. Isso significa pensar numa lógica de cuidado no SUS que não seja pautada somente pela intervenção e pela tutela, mas sim por um olhar que considera os sujeitos e as suas singularidades para cuidar de forma mais digna”, acrescentou.
Saúde mental e juventude em diálogo
Durante a roda de conversa, outros pontos foram abordados, como as demandas relacionadas à saúde mental de crianças e adolescentes, que vão desde o Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), o sofrimento psíquico, a dependência química, a violência e a precariedade dos vínculos familiares.
A partir das conversas com diferentes olhares propostos pelo evento, foi evidenciado o papel do cuidado ampliado, que é responsabilidade da família, mas também de toda a sociedade. Com isso, deve-se considerar os sofrimentos e os desejos para produzir redes de cuidado intersetoriais às crianças e adolescentes.