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    MP cumpre mandados de busca e apreensão em investigação sobre a morte de adolescente na Cidade de Deus

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    Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, foi morto durante ação da PM na Cidade de Deus — Foto: Reprodução

    O Ministério Público do Rio cumpre, na manhã desta terça-feira, mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos policiais militares suspeitos de envolvimento na morte do adolescente Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, em 7 de agosto. A ação é da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada do Núcleo Rio de Janeiro e o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ). Ao todo, cinco mandados foram expedidos para endereços nos bairros de Bangu e Taquara, na Zona Oeste do Rio, Tijuca e Olaria, na Zona Norte, e no centro de Nilópolis, na Baixada Fluminense.

    A operação conta também com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (CSI/MPRJ). Os mandados foram obtidos pela Promotoria de Justiça junto à 2ª Vara Criminal da Comarca da Capital, do II Tribunal do Júri, com base em elementos colhidos ao longo da investigação. No inquérito instaurado para apurar as circunstâncias da morte do menino, diligências foram realizadas no local e testemunhas foram ouvidas.

    Thiago Flausino foi baleado três vezes. Um dos tiros o atingiu pelas costas, o outro atravessou as duas canelas do menino e o último perfurou uma das pernas. O adolescente estava em uma moto, acompanhado por um amigo, quando foi alvejado.

    PMs prestaram novos depoimentos

    Quatro policiais militares suspeitos de envolvimento na morte do adolescente prestaram novos depoimentos na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). O teor das declarações prestadas separadamente por cada um dos PMs, nesta segunda-feira, não foi revelado. O interrogatório ocorreu 21 dias após os PMs terem apresentado uma arma na especializada, alegando que ela havia sido encontrada com o menor morto. O quarteto já foi indiciado num procedimento investigativo da corregedoria da PM por fraude processual.

    A suspeita da corregedoria, que chegou a pedir a prisão dos policiais, é a de que os militares tenham atribuído falsamente a arma ao adolescente. A sindicância apurou ainda que houve omissão de socorro e abuso de autoridade com intenção de omitir e divulgar informações incompletas para atrapalhar as investigações.

    Lotados no Batalhão de Choque na época dos fatos, os militares já foram transferidos para outras unidades. Durante a tentativa de abordagem que resultou na morte do adolescente, os PMs envolvidos na ação teriam usado drones e até um carro descaracterizado. Segundo o RJTV divulgou no último dia 24, nos depoimentos prestados pelos PMs na corregedoria, há a confissão de que foram disparados, ao menos, 42 tiros, assim como do uso de um carro pessoal dos militares e de dois drones.

    Além da investigação da Corregedoria da PM, a Delegacia de Homicídios da Capital também apura se os tiros que mataram Thiago saiu da arma de um dos policiais. O advogado André Rios, responsável pela defesa de um dos PMs, esteve na DHC. Ele disse que, ao longo da instrução penal, será provada a inocência do seu cliente. O Globo não conseguiu localizar a defesa dos outros três policiais.

    Tecnologia 3D recriou ambiente

    Um scanner a laser, usado pelo Ministério Público do Rio desde 2021, foi usado para auxiliar no mapeamento do lugar onde aconteceu o crime. A tecnologia 3D recria em detalhes qualquer ambiente em 360°, ou seja, com a dimensão completa dos espaços. A ferramenta será usada, inclusive, na construção do local onde Thiago foi assassinado.

    O scanner é usado, principalmente, para mapear locais de ocorrências que aconteceram em áreas com conflito armado. Ele recria o ambiente e, digitalmente, ajuda na reconstrução das cenas dos crimes, realizada pela Polícia Civil. Com isso, os agentes conseguem ver a posição dos suspeitos, das vítimas, o deslocamento da bala, os possíveis ângulos de disparo, e avaliar as múltiplas versões do caso.

    O MPRJ ressalta que o scanner não substitui a realização da perícia in loco, feita pela polícia, mas ajuda a preservar a cena em ambiente virtual, o que possibilita aos investigadores e peritos técnicos retornar à cena quantas vezes quiserem para trabalhar as diferentes hipóteses e confrontar versões sobre os acontecimentos.

    Fonte: EXTRA

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