Imagem de espuma lançada pela Burn em galeria da Baixada Fluminense — Foto: Reprodução
Muito usado pela indústria no processo de limpeza de equipamentos e tanques da linha de produção, o surfactante é um produto químico semelhante ao detergente doméstico comum. Foi essa substância, despejada irregularmente, que provocou a suspensão da captação de água na Estação de Tratamento do Guandu (ETA), na última segunda-feira, afetando o abastecimento de 11 milhões de pessoas de oito municípios fluminenses.
Segundo a Cedae, a espuma que interrompeu a operação foi derivada de surfactantes, composto presente nos detergentes, cuja concentração alcançou 1 miligrama por litro em amostras coletadas na região. A concentração encontrada foi o dobro do considerado tolerável à saúde — 0,5 miligrama por litro.
O presidente do Conselho Regional de Química (CRQ), Harley Moraes Martins, explica que o somente uma grande concentração desse poluente na água seria capaz de provocar alguma tipo de problema de saúde, como uma reação alérgica, por exemplo. Mas que por se tratar de um produto poluente, as empresas devem possuir equipamentos e tecnologia capazes de tratar os resíduos antes de descartá-los:
— Além de possui um responsável técnico para fiscalizar o processo, a indústria deve ter equipamentos e tecnologia para fazer a captação dessas substância e tratá-la, antes de ser descartada.
A empresa Burn Indústria e Comércio Ltda foi a responsável, segundo a Polícia Civil e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), pelo despejo irregular de detritos industriais no rio Guandu. A empresa fica no Distrito Industrial de Queimados, na Baixada Fluminense, e vai responder por crime ambiental. em nota, a Burn negou que seja a responsável e já solicitou uma contraprova a um laboratório especializado.
Nesta quarta-feira, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) definiu em aproximadamente R$ 10,7 milhões o valor do auto de infração aplicado contra a empresa Burn. Segundo o órgão ambiental, o montante foi definido após resultado de análise laboratorial que apontou o lançamento de substância surfactante na galeria de águas pluviais, contribuindo para a formação de espuma constatada no Rio Guandu.
Fiscais do CRQ estiveram na sede da empresa nesta quarta-feira e não encontraram indícios de irregularidades.
— Todos os equipamentos necessários a captação e tratamentos dos resíduos estavam em funcionamento. Não constatamos, naquele momento, nenhum indício de despejo irregular — disse o presidente do Conselho.
O que diz a Burn
Na terça-feira, logo após os pronunciamento do Inea e da Polícia Civil que a responsabilizavam, a Burn já havia negado qualquer relação entre a fábrica de Queimados e a presença de material químico na bacia do Rio Guandu. Nesta quarta-feira, a empresa voltar a rechaçar as acusações. E disse receber com surpresa e indignação as recentes manifestações de órgãos ambientais e de controle. Leia a nota na íntegra:
“A Burn recebe com surpresa e indignação as recentes manifestações de órgãos ambientais e de controle para a mídia. A empresa garante que não há nenhuma relação entre a fábrica de Queimados e a presença de material químico na bacia do Rio Guandu. A unidade sequer trabalha com tíner, como mencionado pelas autoridades sobre o cheiro da espuma. A empresa já solicitou contraprova a um laboratório especializado.
Fonte: EXTRA