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    Antes de morrer atingida por ultraleve, jovem preparou café da manhã para a família: ‘Estavam muito felizes’, disse irmão

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    Caroline Kethlin de Almeida Ribeiro, de 22 anos — Foto: Arquivo pessoal

    A cirurgia para a retirada de órgãos foi realizada nesta segunda-feira. Os médicos decidiram retirar apenas o fígado e os rins. No último sábado, Caroline deu entrada no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGN) em estado grave e foi internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) após ser atingida por um ultraleve. Já no domingo, a unidade constatou a morte cerebral da estudante.

    De acordo com a família, Caroline Kethlin de Almeida Ribeiro, de 22 anos, que morava em Campinas, São Paulo, veio passar o feriado com os pais no Rio de Janeiro após desfilar no Dia da Independência. No entanto, o que era para ser um café da manhã especial em família se tornou a última refeição da jovem. No dia do acidente, a vítima ajudou a preparar a mesa antes de sair para correr no Aeroclube de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

    — A minha irmã chegou aqui na madrugada de sexta-feira. Ela desfilou no 7 de setembro em Campinas, onde ela vivia, e depois veio curtir o feriado com a gente. Sábado à noite seria o casamento de um primo nosso, então, no mesmo dia em que ela chegou, a Caroline foi ao shopping com a minha mãe escolher um vestido. Elas eram muito apegadas e estavam muito felizes. Já no sábado, ela acordou e preparou uma mesa de café da manhã completa para a gente e depois pediu para o meu pai levá-la para correr no aeroclube — lembrou o irmão.

    Caroline Kethlin de Almeida Ribeiro, de 22 anos — Foto: Arquivo pessoal
    Caroline Kethlin de Almeida Ribeiro, de 22 anos — Foto: Arquivo pessoal

    Taylor Ribeiro também destacou que a jovem era bastante caseira e preferia passar o tempo livre evangelizando ou aproveitando a família:

    — Ela só ia de casa para o Exército e do Exército para casa. A minha irmã não era de festas ou baladas, ela era uma pessoa muito tranquila. O que ela gostava mesmo era de ir ao culto ou de passar o tempo dela livre com a família. A Caroline era muito dedicada ao trabalho e tinha o crescimento profissional como o seu maior foco.

    Doação de órgãos

    Generosa e empenhada. Essas foram as palavras que Taylor William Ribeiro citou ao lembrar da irmã, Caroline Kethlin de Almeida Ribeiro, de 22 anos, morta após ser atingida por um ultraleve no último sábado. Segundo ele, Caroline seguiu a carreira militar — era estudante da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx) — porque sonhava em viajar o país ajudando as pessoas mais necessitadas. Apesar de a jovem ter tido a vida interrompida, a família buscou forças para cumprir o desejo dela de cuidar dos que mais precisam, autorizando a doação de seus órgãos nesta segunda-feira.

    — O objetivo dela era se formar e ir para regiões consideradas pobres porque ela tinha o sonho de ajudar os mais necessitados. Os nossos vizinhos aqui de Nova Iguaçu sabem que ela amava as crianças e se oferecia para ajudá-las a aprender a ler e escrever. Nossa família é evangélica, então ela sempre buscava evangelizar também. Ela era muito generosa e empenhada. A minha irmã integrava o núcleo religioso do Exército, até cantava e tocava instrumentos — contou Taylor Ribeiro.

    Como está a investigação

    O delegado José Mário Salomão de Omena, titular da 58ª DP (Posse), disse que a polícia ainda vai realizar a perícia do ultraleve e analisar quais foram as condições do acidente. A polícia também vai ouvir testemunhas. O caso foi registrado como lesão corporal, mas deve ser alterado para homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

    — Vamos fazer a perícia para analisar as condições mecânicas, a direção do vento e tudo a respeito do funcionamento da aeronave — explicou o delegado.

    Agentes que estiveram ontem no aeroclube constataram que a aeronave que atropelou Caroline se trata um ultraleve e não de um aeromodelo como se cogitava no domingo. A aeronave de pequeno porte tem cerca de dez metros de envergadura e percorreu menos de 200 metros até atingir a vítima. O piloto fazia um reconhecimento do equipamento quando houve o acidente. Ele sequer decolou.

    Segundo técnicos que acompanharam a perícia, uma das barras de metal de sustentação da asa chegou a ficar amassada. O ultraleve modelo Flyer GT foi fabricado na década de 1990 e, segundo a polícia, estava com documentação em dia. O piloto foi identificado apenas como Natan.

    Omena disse que a investigação também busca descobrir se o espaço estava liberado para voos e se a jovem poderia caminhar ali. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que o Aeroclube de Nova Iguaçu não é uma entidade certificada pelo órgão para oferta de cursos de formação de pilotos e não consta no cadastro de aeródromos privados da Agência. Por isso, não são permitidas operações com aeronaves no local.

    O Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), da Aeronáutica, também vai investigar as causas do acidente.

    O enterro de Caroline será hoje, às 16h, no Cemitério Parque Jardim de Mesquita, na Região Metropolitana do Rio.

    Fonte: EXTRA

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