Foto: Gabriel Ferreira
A primeira roda de conversas da 8ª Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) abordou, na terça-feira (19/09), o tema sobre a educação e o cenário esportivo brasileiro. O jornalista Juca Kfouri e os ex-atletas Búfalo Gil e Giovane Gávio debateram sobre a educação, ética, racismo e formação de novos atletas. A programação do dia teve ainda uma sessão de autógrafos do livro de poesias “Cabeça nas Nuvens”, do deputado federal e ex-prefeito de Maricá, Washington Quaquá, e um show de Bossa Nova do pianista Daniel Jobim, uma releitura dos grandes sucessos do avô Tom Jobim.
Assistindo ao debate, o prefeito Fabiano Horta colocou em discussão a mercantilização do futebol com os altos valores dos ingressos cobrados pelos clubes nos estádios e perguntou a Juca Kfouri qual o senso de resistência que pode ser construído. “A Copa do Mundo no Brasil em 2014 teve alta responsabilidade sobre isso quando nós transformamos nossos estádios em arenas e elitizamos os torcedores nos estádios. O preço médio do ingresso para a final da Copa do Brasil no Maracanã foi 400 reais. Isso é um absurdo. Que cobre um valor alto num setor do estádio com uísque, cerveja e estacionamento privativo, mas não abdique de dar espaço para o torcedor comum”, pontuou Juca Kfouri.
Autor de livros que narram a emoção de torcedores e a paixão pelo futebol, Juca também falou de um tema muito presente na sociedade e no futebol: o racismo. “A nossa elite branca jamais aceitou a dita libertação dos escravos. Não aceita que a filha da cozinheira dispute uma vaga na faculdade com o filho do patrão. Alguém no estádio de futebol agredir um negro é agredir o próprio futebol. De 1958 até 2002, os melhores jogadores eleitos nas copas do mundo são negros. Não há nada mais odiento, asqueroso, mentiroso do que uma atitude racista e precisamos mudar isso”, declarou o jornalista.
Búfalo Gil, ex-atleta da seleção brasileira de futebol e de times como Fluminense, Botafogo e Corinthians, também falou sobre o racismo e disse que viveu isso na pele no tempo que entrava em campo. “Nasci ‘chocolate’ porque meu pai é negro e minha mãe branca, sai misturado. Sofri muito na Espanha com racismo. Jogavam bananas em mim e essa questão pode ser curada na escola porque os professores são peças fundamentais nesse processo e não pode deixar passar em branco”, acrescentou.
Medalhista de ouro nas Olimpíadas de 1992, o ex-atleta da seleção brasileira de vôlei Giovane Gávio falou sobre a oportunidade de integrar a equipe da Secretaria de Esporte e Lazer de Maricá e destacou que os professores e treinadores que teve em sua formação, desde a época da escola até as equipes de vôlei por onde jogou, foram determinantes em sua performance como atleta de alto rendimento.
“Fico muito contente de ser uma pecinha nessa engrenagem toda que vai construir uma sociedade mais saudável, igual. O esporte para mim é a grande ferramenta que consegue melhorar e contribuir muito nesse processo de educação, cultura, de uma série de transformações”, afirmou Giovane, que também falou sobre a Festa Literária de Maricá. “Todas as pessoas que passarem pelo portal da Flim, de alguma forma, serão impactadas para melhor. A grande transformação do cidadão é o conhecimento e devemos ser inquietos buscando sempre nossa melhor versão”, completou.
A roda de conversa teve mediação da subsecretária de Comunicação Social de Maricá, Amanda Pereira, e do professor de Educação Física da Secretaria de Educação de Maricá, Cristiano Oliveira.
Quaquá lança livro de poesias na Flim
No início da noite, o ex-prefeito de Maricá e deputado federal, Washington Quaquá, fez uma noite de autógrafos do seu livro de poesias “Cabeça nas Nuvens”. Quaquá citou a Flim, iniciada quando foi prefeito da cidade, e ressaltou que a vida sem poesia é muito áspera. “A Flim começou como uma pequena feira de literatura e se transformou numa feira internacional. Um governo que não faz poesia não liberta. Em Maricá é a prova contrária disso. É um governo que liberta, que faz poesias e políticas públicas para as pessoas”, destacou o deputado federal, criador da Moeda Social Mumbuca e dos ônibus Tarifa Zero.
Presente na sessão de autógrafos, Fabiano Horta destacou que o ex-prefeito de Maricá é uma pessoa inquieta pela transformação da sociedade permanente. “Hoje a Flim ultrapassa a nossa fronteira e vira um marco para o Brasil. Hoje Maricá recebe seu autor, aquele que tem assinatura na página um da história de uma cidade que inspira outras cidades”, afirmou Fabiano.
Daniel Jobim interpreta obra do avô
O cantor e pianista Daniel Jobim foi a atração da primeira noite de shows da 8ª edição da Festa Literária Internacional de Maricá (FLIM). No palco Sete Sóis Sete Luas, o neto de Tom Jobim interpretou canções do avô que estão marcadas na Música Popular Brasileira (MPB).
Em ritmo da Bossa Nova, o repertório foi uma celebração das exaltações de Tom Jobim, bem como suas colaborações com Vinicius de Moraes e outros renomados compositores. Entre as interpretações marcantes estão sucessos atemporais como “Corcovado”, “Garota de Ipanema”, “Luíza”, “Eu sei que vou te amar”, “Ligia”, “A Felicidade”, “Água de Beber”, “Só tinha que ser com você” e muitos outros.
Festa Literária acontece até dia 1º de outubro
A Flim é uma realização da Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Educação, e acontece até o dia 1º de outubro na Praça dos Gaviões, em Itaipuaçu, com entrada gratuita. O grande homenageado deste ano é o cantor, compositor e imortal Gilberto Gil, que também ganhou uma arena com o seu nome na Flim. São 13 dias, das 8h às 20h, com uma extensa programação que inclui palestras, debates, shows e rodas de conversa, com escritores, convidados, professores, filósofos e chefs para um bate-papo com o público.
Veja aqui a programação completa no site da Flim.