No Brasil, aumento do preço da gasolina foi um dos responsáveis por pressionar a inflação — Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo
Considerado a prévia da inflação oficial do país, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), avançou 0,35% na passagem de agosto para setembro. O resultado foi puxado pela alta dos combustíveis, dado que a Petrobras reajustou os preços do diesel e da gasolina no dia 16 de agosto.
Com o efeito, o IPCA-15 acumula alta de 5% em 12 meses – acima do teto da meta, que é de 4,75%. As informações foram divulgadas pelo IBGE nesta sexta-feira.
- O resultado veio abaixo do esperado pelos analistas. A mediana das projeções do Valor Data apontavam para alta de 0,38% no mês
- No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,74%
- Os preços foram coletados no período de 15 de agosto a 14 de setembro e comparados com os vigentes de 14 de julho a 14 de agosto.
O que dizem os analistas?
Analistas avaliam que a inflação no Brasil segue um processo de desaceleração nos últimos meses. Segundo pesquisa do Boletim Focus divulgada na segunda-feira, as estimativas para a inflação em 2023 estão em 4,86%. Há um mês, estava em 4,9%.
A melhora na evolução dos preços tem permitido o Banco Central dar continuidade ao ciclo de corte de juros. Em ata divulgada nesta terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que fará cortes de meio ponto, o que traria a Selic para 11,75% no final do ano, e diz ser ‘pouco provável’ acelerar o ritmo.
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena, estima que a inflação encerre o ano em 4,7%, abaixo do teto da meta, que é 4,75%.
Seis dos noves grupos em alta
Seis dos nove grupos de produtos e serviços investigados pela pesquisa tiveram alta em setembro. O grupo Transportes teve a maior variação, com alta de 2%. Só a gasolina subiu 5% e foi o subitem que mais pesou sobre o indicador, com contribuição de 0,25 ponto percentual em setembro.
Já o diesel subiu 18% e o gás veicular 0,05%, enquanto o etanol registrou queda de 1,41% nos preços. O custo das passagens aéreas, por sua vez, subiu 13,29% em setembro após recuo de 11,36% em agosto.
Ainda em Transportes, o reajuste de 20% nas tarifas do táxi em Fortaleza a partir do dia 24 de julho elevaram o custo do serviço para 0,19% no mês. O ônibus intermunicipal também ficou 1% mais caro na média, diante dos reajustes em Salvador e em Porto Alegre.
Veja variação dos grupos em setembro
- Alimentação e bebidas: -0,77%;
- Habitação: 0,30%;
- Artigos de residência: -0,47%;
- Vestuário: 0,41%;
- Transportes: 2,02%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,17%;
- Despesas pessoais: 0,35%;
- Educação: 0,05%;
- Comunicação: -0,15%.
Reajuste da conta de luz
Já o grupo Habitação subiu 0,3%, puxada pela alta da energia elétrica, que sofreu reajuste em Belém a partir de 15 de agosto. Houve ainda reajuste em Brasília da taxa de água e esgoto, que puxou o subitem para o campo positivo, com 0,12%. O gás encanado, por outro lado, registrou queda de 0,46% por conta de reduções na tarifa em Curitiba e no Rio de Janeiro.
No grupo Saúde e cuidados pessoais, a alta foi de 0,17%. O destaque foi o avanço de 0,71% nos planos de saúde, decorrente dos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nos planos antigos.
Preço dos alimentos em queda
Mais uma vez, os preços dos alimentos apresentaram queda de forma geral. Em setembro, o recuo no grupo Alimentação e bebidas foi de 0,77%, puxado pela retração nos preços de alimentos consumidos no domicílio.
Entre as quedas, destacam-se a batata-inglesa (-10,51%), a cebola (-9,51%), o feijão-carioca (-8,13%), o leite longa vida (-3,45%), as carnes (-2,73%) e o frango em pedaços (-1,99%). No lado das altas, o limão subiu 32%, enquanto o arroz e as frutas subiram entre 0,4% e 2%.
Já a alimentação fora do domicílio acelerou a alta na passagem de agosto para setembro, de 0,22% para 0,46%. Foram registradas altas no lanche e na refeição.
Fonte: EXTRA