Militares retirando barricadas na Vila Kennedy. Na foto blindado retirando barricadas na Rua Zâmbia. — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo
São três décadas de trabalhos conjuntos e pontuais, com acertos e fracassos. A primeira vez que forças federais atuaram na segurança do Rio foi em junho de 1992 durante a Conferência Mundial do Meio Ambiente, a Rio 92. O então presidente Fernando Collor assinou uma Garantia da lei e da ordem (GLO), para enviar tropas para a capital.
Militares e tanques permaneceram em pontos estratégicos, especialmente no caminho onde passavam as delegações estrangeiras. A Rocinha e o Vidigal foram ocupados. Dois anos depois, em novembro de 1994, os militares estiveram em praticamente todos os pontos de votação para garantir o bom andamento das eleições Meses antes, as eleições para deputados federais e estaduais tinham sido anuladas por fraude. Nesse mesmo ano, militares ocuparam favelas como o Borel.
No topo do morro, retiraram uma cruz supostamente colocada por uma quadrilha e hastearam no lugar uma bandeira do Brasil. Mais tarde, se descobriu que a cruz havia sido colocada ali por religiosos. Em 1995, o exército foi novamente acionado. Desta vez para conter uma onda de sequestros. Durante o Carnaval de 2003, o exército voltou a capital. Blindados e militares dividiram as ruas com os foliões.
O período foi marcado pela morte do professor de inglês Frederico Branco de Farias. Na época, a família disse que ele não viu a ordem de parar durante uma blitz e acabou fuzilado. Em 2007, a vinda ao Rio, que seria para dar suporte aos Jogos Pan-Americanos, foi antecipada por causa de uma sequência de atos violentos. Os soldados da força nacional ficaram alojados em dormitórios super lotados, sem cama e nem colchões.
Em 2008, o exército ocupou o Morro da Providência, no Centro. O resultado foi uma tragédia: um grupo de militares deteve três jovens entre 17 e 24 anos. No lugar de prendê-los, entregou os rapazes para traficantes de uma facção rival. Os corpos foram encontrados com dezenas de perfurações. 2010 foi um ano emblemático, com destaque para as tropas militares na ocupação dos Complexos do Alemão e da Penha. A ação durou dois anos.
As forças armadas sempre estiveram presentes para dar segurança aos períodos eleitorais e em grandes eventos, como na Jornada Mundial da Juventude, em 2013, e na Copa do Mundo, em 2014. Nesse mesmo ano, as forças armadas ocuparam o Complexo da Maré. Houve resistência por parte dos bandidos e os tiroteios não cessaram. A ação durou um ano e três meses. Vinte e sete militares ficaram feridos em confrontos. Nove pessoas morreram, entre elas um sargento. Foi a primeira morte de um militar durante um processo de pacificação.
Houve 674 prisões e 255 apreensões de menores. 2016, ano das Olimpíadas do Rio, e mais uma vez os homens da força nacional se queixaram dos alojamentos precários. Em julho de 2017, o governo federal deu início a mais uma ação. Em 2018, veio a intervenção federal na segurança pública do Estado. Foram quase onze meses de forças armadas nas ruas. O combate ao roubo de cargas foi uma das prioridades. O índice caiu em 20%.
Fonte: EXTRA