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Médico morto a tiros pode ter sido confundido com miliciano da Zona Oeste

Miliciano (à esquerda) e o médico Perseu tinham semelhanças físicas. Foto: Reprodução

A semelhança física entre o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, de 26 anos, e o ortopedista Perseu Ribeiro Almeida, de 33 anos, chamou a atenção dos investigadores da Polícia Civil e Federal, que tentam descobrir a motivação por trás da execução de três médicos na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, na madrugada desta quinta-feira (5). Uma das linhas de investigação é de que criminosos podem ter sido avisados sobre a suposta presença de Taillon no quiosque e ido ao local para executá-lo. O plano, no entanto, não teria dado certo, pois quem estava no local era o médico e não o miliciano.

Mais de 30 tiros foram disparados contra os médicos Marcos de Andrade Corsato, 62 anos, Perseu Ribeiro Almeida, 33, e Diego Ralf de Souza Bomfim, 35. Um quarto médico identificado como Daniel Sonnewend Proença, 32, também foi baleado, mas sobreviveu. Ele foi socorrido e encaminhado até o Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra. O estado de saúde dele é estável.

Taillon é filho de Dalmir Pereira Barbosa, apontado pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) como um dos principais chefes de uma milícia que atua na Zona Oeste. O filho traçou o mesmo caminho e também é apontado pelo MPRJ como sendo líder de uma quadrilha que atua na região de Rio das Pedras, Muzema e adjacências.

De acordo com o processo, a organização criminosa de Taillon seria responsável pela exploração do transporte alternativo de vans e mototáxi, dos serviços básicos como água, gás e TV a cabo, cobrança extorsiva de “taxas de segurança” a comerciantes e moradores, invasão e grilagem de terras, construção imobiliária clandestina, além de agressões, ameaças e homicídios na região.

Taillon foi preso em dezembro de 2020 durante a Operação Sturm, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ), em conjunto com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizada (Draco). Conforme consta no processo contra ele, a residência do miliciano é na Avenida Lúcio Costa, mesma via onde os médicos foram executados.

Já Perseu chegou ao Rio de Janeiro na quarta-feira (4) para participar do 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo, entre esta quinta-feira (5) e sábado (7) no Hotel Windsor, localizado em frente ao quiosque onde aconteceu o triplo homicídio.

Perseu era membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e especialista em cirurgia do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IOT-HCFMUSP). Segundo o cunhado da vítima, Hugo Dantas, era a primeira vez de Perseu no Rio de Janeiro e ele se mostrou bastante animado com a viagem e o congresso.

Questionado sobre a possibilidade de Perseu ter sido confundido com um miliciano, o cunhado disse que a família está ciente dessa linha de investigação. “Estou ciente que ele tem a aparência semelhante sim. E a outra linha é a de crime político”.

O ortopedista é natural da Bahia, onde morava com a mulher e os dois filhos. Perseu completou 33 anos na última terça-feira (3). Ainda segundo o cunhado dele, o corpo do médico será sepultado na Bahia neste sábado (7).

Fonte: O Dia.

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