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    Ofensiva terrestre? Israel diante de encruzilhada entre resposta forte ao terrorismo e risco de crise humanitária

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    Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, conversa com soldados em local atacado pelo Hamas — Foto: Reprodução / Twitter

    O ataque terrorista do Hamas contra Israel, que completa 10 dias nesta segunda-feira, jogou o país do Oriente Médio em uma das maiores crises de sua História. A resposta à matança de civis e ao sequestro de cerca de 200 pessoas colocou o Estado Judeu diante de uma encruzilhada: retaliar o grupo terrorista com o vigor esperado por sua população após o pior ataque sofrido em 50 anos, mas equilibrar a ofensiva para não perder a opinião pública e o apoio internacional, caso sua resposta gere uma crise humanitária com mortes de civis na Faixa de Gaza.

    Pouco depois do ataque terrorista, Israel declarou guerra ao Hamas e fez centenas de bombardeios contra o enclave palestino. Oficiais das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) dizem reiteradamente que os alvos dos disparos são infraestruturas do grupo terrorista, incluindo depósitos de armas e quartéis-generais, mas admitem que o Hamas utiliza a população civil como escudo humano. Autoridades de Gaza denunciam ataques indiscriminados contra civis, com o último balanço divulgado nesta segunda-feira indicando que 2.750 pessoas morreram até o momento.

    A promessa de Israel é a destruição completa do Hamas. A forma de alcançar esse objetivo, contudo, tem sido discutida entre o comando militar e a liderança política do país. No fim de semana, um comunicado divulgado pelo Exército informou que haveria ênfase em uma “operação terrestre significativa” para chegar ao Hamas, mas que o plano em larga escala inclui “um ataque integrado por ar, mar e terra”. Além de chegar aos líderes do grupo terrorista, um objetivo com a operação seria o resgate de reféns – uma das maiores frentes de pressão interna ao governo de Benjamin Netanyahu. Isso gera um risco, inclusive, de uma escalada do conflito, com a entrada mais efetiva do Líbano, Irã e do Hezbollah nos ataques. pois eles poderiam revidar a um ataque mais forte à faixa de Gaza.

    Uma entrada de soldados israelenses em Gaza é motivo de preocupação nos dois lados da fronteira. Para Israel, a invasão por terra representa o risco de baixas em suas fileiras, principalmente considerando a intimidade do inimigo com o terreno e o cenário urbano de alta densidade populacional, que aumentaria o risco de armadilhas e emboscadas contra os militares. Em 2014, última vez que Israel entrou por terra de forma mais prolongada em Gaza, dezenas de soldados morreram, em incursões menos ambiciosas que as planejadas para este ano.

    Por outro lado, a invasão é vista como um possível elemento de agravamento da crise humanitária em Gaza, uma vez que a maior presença dos militares aumentaria o risco de incidentes com civis. Mesmo antes da invasão, os “atos preparatórios” já foram motivo de condenação internacional. Da ONU a países aliados na União Europeia, o ultimato de Israel à população civil do norte de Gaza foi condenada pelo risco de provocar um êxodo catastrófico.

    Em uma das condenações mais recentes, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, disse ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, no domingo, que a reação de Israel ao ataque terrorista do Hamas “foi além da autodefesa” e virou “punição coletiva”

    A principal preocupação de Israel em calibrar a reação é não perder o apoio ocidental, enquanto o conflito se espalha pela região. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, que desde quinta-feira da semana passada mantém conversas na região, repetiu que Israel tem o direito de se defender, mas a forma como faz isso importa, sinalizando as preocupações da Casa Branca com uma possível reação desmedida.

    Por outro lado, Israel começou a bombardear posições no exterior, como no Líbano e na Síria, após grupos terroristas como o Hezbollah declararem solidariedade ao Hamas. O Irã também subiu o tom contra Israel e repudiou os planos de uma invasão terrestre, escalando as tensões entre as potências nucleares da região.

    Fonte: EXTRA

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