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    Trabalhadores por aplicativo: somente 35,9% contribuem para Previdência, aponta IBGE

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    Aos 21 anos, Gabriel Sena trabalha desde 2020 como entregador de aplicativo — Foto: Guito Moreto/Agência O Globo

    Com jornadas semanais mais extensas e um rendimento por hora trabalhada menor do que o dos demais trabalhadores, quem tem alguma plataforma digital como principal fonte de renda enfrenta ainda um cenário de falta de seguridade social.

    Somente 35,7% dos profissionais que prestam serviços por aplicativo contribuem para a Previdência Social, patamar bem abaixo dos 61,3% registrado entre os demais trabalhadores brasileiros, formais e informais, do setor privado.

    Os dados são de um levantamento inédito da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), do IBGE, numa cooperação com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), divulgado nesta quarta-feira (dia 25).

    O estudo calculou que o país tem 2,1 milhões de trabalhadores atuando em plataformas digitais. Desse total, 1,5 milhão – ou 71% – são aqueles que prestam serviços por aplicativo, principalmente como motoristas de passageiros ou entregadores de comida e produtos.

    Mas esse grupo inclui também profissionais como tradutores e de TI e trabalhadores como encanadores, diaristas, pedreiros e qualquer um que ofereça seus serviços via plataformas.

    Outros 628 mil atuam em plataformas de comércio eletrônico.

    Retrato do trabalho por aplicativo em números — Foto: Editoria de arte
    Retrato do trabalho por aplicativo em números — Foto: Editoria de arte

    Aos 21 anos, Gabriel Sena começou a trabalhar como entregador em 2020. De lá para cá, ele sofreu um acidente de bicicleta, o que o obrigou a ficar oito dias em casa. Sem trabalhar, ele e a namorada, que moram juntos, ficaram sem renda, e tiveram que recorrer ao dinheiro que tinham guardado para conseguir pagar as contas. O episódio fez o jovem pensar na falta da contribuição ao INSS:

    — Tenho essa preocupação, porque se acontecer alguma coisa e eu tiver que ficar parado, não tenho direito a nada. Eu sou entregador de uma OL (operação logística, que são intermediárias das plataformas e pelas quais os entregadores trabalham com horários e rotas definidas para determinadas empresas). Tenho que cumprir horário para essas empresas, elas controlam a gente, mas se eu cair e me machucar, eles não pagam nada — conta.

    Comparações entre jornadas — Foto: Editoria de arte
    Comparações entre jornadas — Foto: Editoria de arte

    Assim como Gabriel, a maior parte dos entregadores que dependem das plataformas não tem proteção social. Só 22,3% dos que trabalham por aplicativo para realizar entregas contribuem ao INSS.

    Além de não ter a garantia de uma aposentadoria na velhice, esses trabalhadores ficam vulneráveis em caso de acidentes (ou seja, não têm auxílio-doença) ou podem deixar suas famílias em dificuldades se sofrerem uma morte prematura. Se forem mulheres, não têm direito a salário-maternidade se engravidarem.

    Entre os que fazem entrega fora das plataformas, o percentual de contribuição para o INSS é significativamente maior: 39,8%.

    No caso dos motoristas em transporte de passageiros, só 23,6% dos que atuam nos apps contribuem para a Previdência Social. Entre os que trabalham fora dessas plataformas, o percentual sobe a 43,9%.

    Mayra Castro, estagiária, sob supervisão de Danielle Nogueira

    Fonte: EXTRA

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