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    ONU alerta contra cerco e bombardeios israelenses a Gaza

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    Área no sul de Gaza após bombardeio de Israel. Foto: MAHMUD HAMS / AFP

    A ONU afirmou, nesta sexta-feira, 27, que “muito mais” pessoas “morrerão em breve” na Faixa de Gaza pelo cerco de Israel, que fez uma nova incursão de infantaria no enclave palestino, visando a uma ofensiva terrestre em resposta ao sangrento ataque do Hamas.

    Centenas de milhares de civis vivem em condições humanitárias desastrosas no estreito território, completamente sitiado desde o ataque do Hamas em 7 de outubro.

    “Muitas mais (pessoas) morrerão em breve como resultado do cerco imposto à Faixa de Gaza” por Israel, denunciou nesta sexta o comissário-geral da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), Philippe Lazzarini. Gaza precisa de ajuda humanitária “significativa e contínua” para aliviar a falta de água, alimentos e eletricidade, acrescentou.

    Prédios em Khan Yunis, na Palestina, danificados após bombardeio. Foto: MAHMUD HAMS / AFP

     

    Bombardeios matam mais de 7.300 

    Segundo o Hamas, mais de 7.300 pessoas, a maioria delas civis e incluindo 3.038 crianças, morreram nos bombardeios no enclave palestino. Pelo menos 1.400 pessoas, também civis em sua maioria, morreram em Israel, segundo as autoridades, pelas mãos do Hamas.

    A Infantaria israelense lançou uma “incursão seletiva no setor central da Faixa de Gaza”, apoiada por “caças e drones”, antes de abandonar o território, anunciou o exército na manhã desta sexta-feira. Imagens em preto e branco divulgadas pelo Exército, que fez ontem uma primeira incursão no norte da Faixa, mostravam uma fileira de veículos blindados à noite.

    O Exército disse ter bombardeado alvos do Hamas “em toda a Faixa de Gaza”, destruindo plataformas de lançamento de foguetes e centros de comando, em preparação para uma provável ofensiva terrestre prometida por autoridades políticas e militares para “aniquilar” o Hamas.

    Segundo as autoridades de Israel, 229 reféns israelenses com dupla nacionalidade, ou estrangeiros, foram capturados durante o ataque do Hamas, que até agora libertou quatro mulheres. O grupo islâmico disse na quinta-feira, 26, que “cerca de 50” reféns foram mortos em bombardeios israelenses.

    A comunidade internacional teme as consequências de uma ofensiva terrestre no enclave palestino de 362 km², controlado desde 2007 pelo Hamas e aonde a ajuda internacional mal chega aos 2,4 milhões de habitantes.

    Desde 21 de outubro, 74 caminhões de ajuda entraram na Faixa de Gaza procedentes do Egito, anunciou na quinta-feira o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), um número muito insuficiente para a organização, que exige, sobretudo, combustível para fazer as infraestruturas de saúde funcionarem.

    Antes do “cerco total” imposto por Israel em 9 de outubro, cerca de 500 caminhões chegavam ao enclave diariamente. Ante essa situação, os líderes dos 27 países da União Europeia (UE) pediram na quinta-feira a instalação de “corredores humanitários” e de “pausas” para a entrega de ajuda.

    Na terça-feira, os Estados Unidos também sugeriram essas “pausas” humanitárias, em vez de um cessar-fogo, que “neste momento beneficiaria apenas o Hamas”.

    Quase 1,4 milhão deslocados

    Segundo o OCHA, citando o Ministério das Obras Públicas e de Habitação de Gaza, 45% das casas do território foram “danificadas ou destruídas” pelos bombardeios. Quase 1,4 milhão de pessoas foram deslocadas para o sul da Faixa, fugindo dos bombardeios israelenses, embora cerca de 30 mil tenham retornado para o norte do território nos últimos dias, segundo a ONU.

    “Voltamos para morrer nas nossas casas. Será mais digno”, disse Abdallah Ayyad, que retornou para a Cidade de Gaza com sua mulher e cinco filhas.

    Tensão entre EUA e Irã

    A guerra também despertou temores de uma conflagração regional. O Irã, um poderoso apoiador do Hamas, lançou várias advertências aos Estados Unidos, um aliado de Israel.

    O secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, anunciou que, na quinta-feira, os Estados Unidos atacaram duas instalações usadas pela Guarda Revolucionária iraniana e por “grupos afiliados” no leste da Síria, em resposta a ataques contra “pessoal americano no Iraque e na Síria”.

    O ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollah, dirigiu uma mensagem aos Estados Unidos na ONU: “Advirto que se o genocídio em Gaza continuar, não se livrarão desse fogo”. Biden respondeu à liderança iraniana que, se suas forças forem atacadas pelo Irã, “responderemos, estejam preparados”.

    A tensão também está aumentando na Cisjordânia ocupada, assim como na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde ocorrem diariamente trocas de disparos entre o movimento Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense.

    Mais de 100 palestinos morreram na Cisjordânia em ataques e confrontos com o Exército israelense desde 7 de outubro, segundo o Ministério palestino da Saúde. E, nesta sexta, quatro pessoas morreram durante incursões de Israel, informou a agência oficial palestina Wafa.Enquanto isso, seis pessoas ficaram feridas quando um foguete caiu na localidade egípcia de Taba, na fronteira com Israel, informou a imprensa local.

    Fonte: O DIA

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