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    ‘Cowboys do asfalto’: Agentes da CET-Rio recebem treinamento para conter bichos desgarrados nas ruas da cidade

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    Funcionário da CET-Rio em treinamento no Centro de Controle de Zoonoses: aulas para 46 agentes da prefeitura foram de agosto a outubro — Foto: Roberto Moreyra/Agência O Globo

    Para desatar os nós de trânsito causados por invasões de animais em vias expressas e estradas municipais, agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (Cet-Rio) vão recorrer a cordas e a laços. Entre agosto e outubro deste ano, 46 controladores de trânsito da empresa da prefeitura receberam treinamento para aprender a conter cavalos, cabritos, ovelhas, porcos, bois e até búfalos. As aulas foram dadas por especialistas do setor de recolhimento e capturas do Centro de Controle de Zoonoses Paulo Dacorso Filho (CCZ), do Instituto de Vigilância Sanitária (Invisa-Rio), órgão ligado à Secretaria municipal de Saúde.

     

    Revolução dos bichos

    Cenas de confusão urbana, suburbana e rural são inusitadas, mas têm acontecido com frequência — na última quinta-feira, por exemplo, três bois desgarrados atravessaram uma passagem clandestina e foram parar nos trilhos da estação de trem de Magalhães Bastos.

    A captura de animais que vagam por vias públicas é responsabilidade do CCZ, que fica em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. De janeiro a setembro deste ano, 293 bichos foram recolhidos pelas equipes. Outros 12 foram encontrados em estradas, vias expressas ou túneis, no mesmo período, por agentes da CET-Rio.

    Um episódio em julho, protagonizado por um boi, ajudou na decisão de criar o curso especial. Na ocasião, o animal provocou caos no trânsito por duas horas após invadir a Linha Vermelha, na altura do Caju. Percorreu um trecho de mais de dois quilômetros, em meio a carros, deixando motoristas apavorados. Um engarrafamento se formou, até que agentes municipais, de moto, isolaram o bicho.

    Uma corda foi providenciada e o boi foi amarrado a uma mureta, já na altura do Viaduto do Gasômetro, antes de ser transportado para o CCZ em uma espécie de carroça-reboque, acoplada a uma caminhonete da CET-Rio. O bicho foi resgatado pelo dono após o pagamento de multa no valor de R$ 210 e de diária de R$ 31.

    O curso para “cowboys do asfalto” apresentou a turmas de controladores de tráfego aulas práticas na sede do CCZ e nas ruas. Os alunos aprenderam a laçar os animais na pista e a isolá-los dos carros com o auxílio de cordas. A intenção principal é a contenção, para evitar riscos ao usuário da via ou ao próprio animal. Durante o curso, os agentes de tráfego também tiveram aulas práticas e participaram de resgates. Segundo a CET-Rio, a partir de agora cordas de contenção e laços fazem parte do equipamento que controladores levam nos veículos utilizados nas vias. A ideia é a que esses profissionais contenham os animais com mais rapidez, isolando-os dos carros com cordas em um espaço até a chegada de especialistas do CCZ.

    — De vez em quando acontece de surgir um animal solto nas vias públicas; muitas vezes, em vias expressas. As nossas equipes serão acionadas em função do impacto no trânsito. Elas tiveram um treinamento específico de como deve ser feita a abordagem do animal, a contenção — diz Gustavo Oliveira, diretor de operações da CET-Rio, acrescentando que os agentes treinados funcionarão como multiplicadores para repassar as técnicas a outros controladores de tráfego. — Isso vai reduzir, sem dúvida, eventuais riscos a que motoristas e demais pessoas que estiverem passando pelas vias vão ficar expostos. E vai permitir também uma resposta mais rápida do pessoal especializado da Invisa -Rio.

     

    Mais casos na Zona Oeste

    Embora possa assustar os motoristas da mesma forma, cada animal age de um jeito. Médico-veterinário e gerente de capturas e recolhimento de animais do Invisa-Rio, Frederico Azevedo elege os bichos mais difíceis de capturar:

    — Os que mais dão trabalho são os bovinos e os bubalinos (búfalos), porque têm poder de destruição muito grande. Tanto que são capazes de destruir carros, motos e tudo que passa por perto deles. A gente geralmente tem que interditar as vias para capturá-los.

    Os animais subjugados e recolhidos são levados para o CCZ, onde ficam por 72 horas. Para retirá-los do local, os proprietários devem pagar uma taxa de apreensão que varia de acordo com a espécie (equinos e bovinos, por exemplo, têm custo de R$ 210). Também é preciso que eles arquem com os custos da diária de apreensão (R$ 31). Em caso de reincidência, a multa passa a ser dobrada. Se a retirada do animal não for feita por seu tutor num prazo de três dias, o bicho é doado pelo município para um curral conveniado, localizado na Baixada Fluminense.

    Segundo o veterinário Frederico Azevedo, bois, cavalos e búfalos costumam aparecer com mais frequência em vias públicas perto de áreas de características rurais, principalmente em bairros da Zona Oeste:

    — As regiões que mais dão problema são as próximas das zonas rurais. O problema maior aqui é em Santa Cruz, Campo Grande e Guaratiba. Geralmente, vêm de lá os bovinos, bubalinos e equinos. Só que os equinos são menos agressivos e mais fáceis de lidar porque são, na maioria, domesticados.

    Fonte: EXTRA

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