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Deputado pede audiência ao Ministério da Justiça para falar sobre execuções de políticos em cidade no RJ

Viatura da polícia na porta do Cemitério de Queimados durante o enterro de Paula Ribeiro — Foto: Marcos Nunes / Agência Extra

O deputado federal Max Lemos disse, nesta segunda-feira, durante o enterro de Paula Ribeiro Menezes Costa, de 65 anos, militante do Partido Democrático Brasileiro (PDT), assassinada no último sábado junto com o pré-candidato a vereador Clayton Damaceno, de 45, em Queimados, na Baixada Fluminense, ter pedido uma audiência ao ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, para falar sobre assassinatos de políticos ocorridos na região. Segundo o parlamentar, Paula não foi a única com envolvimento político a ser morta na cidade. Em agosto último, o comerciante e ativista político Ramon Henrique Durães Lima, de 37, também foi executado a tiros.

Ex-candidato a vereador em 2020, ele foi morto por homens armados dentro de seu comércio no Bairro Fanchem, em Queimados, no dia 1º de agosto de 2023. Após a solicitação feita ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o parlamentar vai aguardar a assessoria do ministro confirmar e marcar a realização da audiência. Max Lemos disse já ter tido a promessa de que a Polícia Civil do Rio vai se empenhar para elucidar o assassinato de Paula, que coordenava a campanha do pré-candidato a vereador Clayton Damaceno. Os dois foram mortos a tiros, na noite de sábado, numa sorveteria em Queimados. No entanto, um futuro pedido para Polícia Federal assumir o caso não é descartado.

— Além de ter trabalhado na minha campanha para deputado e a de prefeito, ela( Paula Ribeiro Menezes) era militante ativa do PDT há mais de 30 anos. Ela merece todo nossa homenagem e a luta para que se apure um crime bárbaro desse. Estamos consternados. Já conversei com o Secretário de Polícia Civil e com o diretor (do Departamento geral de Policiamento) da Baixada. Eles se comprometeram a se empenhar para elucidar o caso. Não só esse, como a morte do Ramon Durães que ocorreu há três meses. Ele também foi assassinado e era um companheiro de luta nosso. Nós queremos respostas imediatas e o novo secretário de Polícia Civil se comprometeu (a se empenhar para elucidação do caso) . Inclusive, disse ao secretário que, se ele não tiver condições de apurar, que libere para a gente trazer a Polícia Federal. Mesmo assim, Já pedi, inclusive, uma audiência ao ministro da Justiça(Flávio) Dino — disse Max Lemos.

Imagens mostram momento em que assassinos chegam até o pré-candidato Clayton Damaceno e sua coordenadora de campanha, Paula Ribeiro — Foto: Reprodução
Imagens mostram momento em que assassinos chegam até o pré-candidato Clayton Damaceno e sua coordenadora de campanha, Paula Ribeiro — Foto: Reprodução

No Rio, a Baixada Fluminense, local de disputa entre as milícias, se consolidou como a região mais perigosa para quem ocupa cargo eletivo ou está em campanha para tal. Mais de 72% dos casos no estado (31 de 43) ocorreram nos 13 municípios da região, onde vivem cerca de 4 milhões de habitantes. Isso sem contabilizar os casos que teriam ocorrido em Queimados. Magé foi a cidade com o maior número de políticos mortos, dez no total, seguida por Duque de Caxias, com sete. A lista tem Nova Iguaçu (5), Seropédica (4) e Nilópolis (3), todas na Baixada. Houve ainda dois casos em São Gonçalo, além de um em Niterói e um em Itaboraí — as três na Região Metropolitana. Rio Claro, com uma execução, é a única representante do interior.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense ( DHBF) investiga o duplo assassinato ocorrido em Queimados. Oficialmente, nenhuma linha de investigação está descartada. Incluindo a hipótese de crime político ou de que as mortes tenham acontecido em meio a guerra entre o tráfico e milícia. O Bairro Inconfidência, onde as duas vítimas foram mortas, tem histórico de áreas disputadas por bandos rivais.

A polícia já sabe que pelo menos quatro homens participaram do duplo homicídio. Imagens feitas por uma câmera de segurança, que já estão com a Polícia Civil, mostram um dos assassinos descendo de uma motocicleta com uma pistola na mão, pouco antes de entrar no comércio para fazer os disparos. Segundos após participar da execução, ele sobe na garupa de uma motocicleta e foge do local, escoltado por outra moto, em que estavam mais dois bandidos da quadrilha de matadores.

A polícia trabalha com a hipótese de que o alvo principal dos assassinos seria Clayton Damaceno. Ele e a coordenadora de campanha estavam numa mesa quando foram atingidos por tiros. O homem que aparece descendo da motocicleta teria ido verificar se as duas vítimas estavam vivas ou mortas. Ao encontrar Paula ferida por um disparo numa das pernas, ele atirou duas vezes contra a cabeça da secretária. Em seguida, o bandido fugiu.

Damaceno era aliado político de Fábio Sperendio, pré-candidato a prefeito de Queimados, e Waguinho, prefeito de Belford Roxo. Fábio, que é PM, teve o nome ligado a agente da corporação que faziam uma espécie de “bico ilegal” como seguranças de familiares do prefeito de Belford Roxo. A prefeitura chegou a manter, sem autorização da polícia, uma tropa clandestina de PMs ao serviço dele. A proximidade de Sperendio a Waguinho rendeu uma série de nomeações de familiares do policial.

Na prefeitura de Belford Roxo, Damaceno trabalhou como assessor do gabinete de Waguinho de junho de 2021 a março do ano seguinte. Entre novembro de 2022 e março deste ano, ele esteve lotado na secretaria de Educação com vencimentos de R$ 1.302.

— Ela respirava política. Era disputada por candidatos e tinha muitos argumentos para convencer os eleitores. Trabalhou com dois prefeitos e também na última campanha do Max Lemos. Deixou quatro filhos e alguns netos — disse um amigo da secretária, que pediu para não ser identificado.

Paula Ribeiro foi sepultada, nesta segunda-feira, no Cemitério Municipal de Queimados. Ela teve o caixão coberto por uma bandeira do PDT e ainda por uma camisa do Flamengo, time que ela costuma torcer.

Fonte: EXTRA

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