O texto relata a preocupação dos moradores da Rua das Pedras, no Centro de Duque de Caxias, em relação às fortes chuvas previstas para a semana. Após o desaparecimento da idosa Maria do Carmo Basílio, de 78 anos, devido ao desmoronamento de um muro próximo ao Canal Caboclo, a comunidade está apreensiva. O professor Adacto Ottoni, associado do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Uerj, destaca que a situação era previsível e alerta para os riscos associados às obras de canalização em andamento no rio.
O Canal Caboclo, com 960 metros de extensão, atravessa o Centro da cidade, desembocando na foz do Rio Meriti. As obras de canalização começaram em 2021 e ainda estão em progresso. Moradores da região expressam seu temor em relação às chuvas, especialmente após o trágico incidente com a idosa Maria.
Marcos Ferreira, morador da área há quase três décadas, relata que as obras no canal tiveram início em 2007 em outras comunidades, chegando ao Centro há pouco mais de um ano. Ele ressalta que a canalização alterou o fluxo da água, agora mais intenso e destrutivo. Marcos também lamenta a perda da vizinha Maria, descrevendo-a como alguém muito generosa, que cuidava dos animais de rua e até fornecia alimentos aos trabalhadores da obra.
A casa da idosa ainda abriga animais que são alimentados pelos vizinhos. Priscila Ramos, outra moradora, teve sua residência parcialmente interditada devido ao desabamento de um muro e afundamento de parte da via, causados por fortes chuvas.
Adacto Ottoni adverte que a primeira chuva intensa na região pode resultar em grandes inundações devido à obstrução do canal. Ele destaca que a população próxima ao rio está em sério risco, e aconselha a desapropriação de uma faixa de 15 metros ao longo do rio para a construção de habitações de baixa renda. O professor enfatiza que a canalização não é a solução ideal para as enchentes e pode agravar a situação.
O texto conclui ressaltando a importância de abordar as causas fundamentais do problema, como desmatamento, impermeabilização do solo e poluição do rio. Recuperar o muro desmoronado é uma medida, mas é crucial investir em ações como reflorestamento, controle de erosão, infiltração para reduzir o escoamento de água da chuva e preservação das margens do rio. O professor destaca a naturalização do rio como a abordagem mais eficaz para lidar com as enchentes.
