Foto: Marcos Fabrício
Representantes indígenas de Maricá e de povos que vivem em outras regiões da América do Sul se reuniram nesta quinta-feira (09/11), no Centro de Treinamento do Instituto Darcy Ribeiro, no Boqueirão, para o “VI Seminário Internacional América Indígena”, evento promovido pela Universidade do Estado Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFFRJ) e Secretaria de Estado de Saúde, com apoio da Prefeitura de Maricá.
Os temas abordados no primeiro dia do encontro foram “Conhecimentos Tradicionais e Saúde”; “Condições sociais causadas pelas mudanças climáticas em mulheres e adolescentes de povos indígenas das terras baixas da Bolívia” e “Experiência em Saúde e Sustentabilidade nos Territórios”, com destaque para a alimentação indígena, o reconhecimento da cultura, a saúde mental dos povos, o direito ao território e o racismo. Painéis com trabalhos realizados por alunos das escolas indígenas de Maricá também estavam expostos, para a apreciação do público em geral.
Secretário de Cultura de Maricá, Leandro Dasilva revelou sua ancestralidade indígena e garantiu que vai levar atividades culturais para as aldeias, para que a comunidade indígena tenha as oportunidades que tanto almeja.
“A família do meu pai é indígena, embora muita gente não soubesse. Por isso, dentro da Secretaria de Cultura eu faço questão de ter uma pasta de cultura afro-brasileira e etnismo para que a comunidade indígena tenha um poder de fala conosco. Vocês têm todo o meu respeito e podem ter certeza de que poderão contar comigo sempre que precisarem”, prometeu.
Durante a cerimônia de abertura, o cacique da aldeia Céu Azul (Tekoa Ara Hovy), Vanderlei da Silva, agradeceu a Deus pela união de forças e às pessoas que compuseram a mesa pela participação no evento, uma união que visa fortalecer a esperança entre eles.
“Fico muito feliz de podermos conversar sobre vários assuntos que nos interessam, de poder falar das nossas necessidades, dificuldades, experiências e de tudo que para nós é aprendizado. Contente em estar aprendendo com todas as pessoas que estão disponíveis para nos ensinar e ao mesmo tempo aprender com a gente”, avaliou.
Houve ainda uma apresentação do coral guarani, composto por integrantes das aldeias locais, Céu Azul, de Itaipuaçu, e Mata Verde Bonita (Tekoa Ka’Aguy Ovy Porã), de São José do Imbassaí, e convidados da aldeia de Angra dos Reis. Um ato que, para eles, é um importante ensinamento dos mais velhos para os mais novos.
Representante da UFRRJ, o professor Ricardo Berbara também destacou a união de forças na realização do evento, que envolveu as comunidades indígenas, secretarias municipais e universidades.
“Esse encontro é um momento de aprendizagem, de resgate das tradições e vai fortalecer bastante todas as nossas ações acadêmicas e políticas. Por isso, eu agradeço bastante por ter essa oportunidade criada pela organização”, agradeceu o professor, citando como referência os conhecimentos tradicionais e arranjos produtivos locais utilizados na farmacopeia Mari’ká.
Secretário de Assuntos Religiosos, Jesse Paz explicou a diferença entre igualdade e equidade e destacou seu compromisso para dar à comunidade indígena, o mesmo acesso que as outras pessoas normalmente já têm.
“A gente tem buscado resgatar e preservar as culturas, sejam locais, municipais ou nacionais. Então, eu me coloco à disposição para que vocês tenham acesso à garantia do direito, pois tenho o compromisso de dar visibilidade aos que são invisíveis. Esse evento é só o início daquilo que a gente vai fazer e transformar, não só da preservação do resgate da cultura e da religiosidade, mas também do cuidado, da garantia do direito e da visibilidade que todos merecem”, declarou.