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Irmã de vítima de estupro coletivo denuncia que família sofre ameaças e perseguição

Carro da Polícia Civil parado em frente à fachada à Deam de Nova Iguaçu — Foto: Reprodução

A irmã da jovem que foi vítima de um estupro coletivo na última semana, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, conta o drama vivido por toda a família desde o crime. Segundo a mulher, de 28 anos, além do constrangimento e abalo psicológico da garota, a rotina de todos foi impactada por ameaças e deboches. A vítima, que tem 15 anos, além de ser abusada sexualmente, teve imagens suas feitas e compartilhadas nas redes sociais. Para a irmã, a insistência das pessoas no compartilhamento das gravações — feitas enquanto a menina estava inconsciente — tem contribuído ainda mais para abalar a família.

— É algo que já está mexendo com todos. Esses dias, a nossa outra irmã (a mais nova, de 8 anos), que estuda em escola particular, foi para a aula com a minha mãe, e uma menina olhou para ela e disse: “Olha lá, a irmã da menina dos vídeos”.

A situação chegou ao ponto de tanto a vítima, quanto seus parentes receberem ameaças até de morte caso algo aconteça com os autores ou envolvidos no crime:

— Estamos recebendo muita ameaça. Ontem mesmo, estava na minha rua e um carro ficou me seguindo. Se eu aumentasse o passo, ele acelerava. Se diminuía, ele imitava. Quando cheguei no portão de casa e entrei, ele ainda ficou parado um tempo ali, até que continuou. Nas redes sociais, também recebemos as ameaças. Dizem que se eles sofrerem algo lá dentro, a gente “morre aqui fora” — explica a irmã da jovem.

 

‘Minha irmã não sai de casa’

A vítima, desde o abuso sexual sofrido, não consegue sair de casa. De acordo com a irmã da menina, a jovem não está bem com tudo que passou nos últimos dias:

— Ela está abalada. Ontem, quando ela viu o menino sendo preso, chorou. Ela não lembra de nada daquela noite, mas lembra do que viu no vídeo. Ela assistiu. Então, isso tudo voltou na cabeça dela — lamenta.

A vítima estava na casa de uma amiga quando o crime aconteceu, na madrugada de sábado. Segundo um relato da jovem, publicado nas redes sociais, um grupo de adolescentes chegou ao local e começou a beber. Na bebida dela, no entanto, ela suspeita que tenham colocado alguma droga. A jovem ficou desacordada durante todo o ato sexual.

 

Presos envolvidos

Um dos suspeitos, de 20 anos, foi preso na tarde de quarta-feira. Segundo a delegada titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Iguaçu, Mônica Areal, o segundo suspeito de participar da violência sexual já foi identificado. Ele será intimado para prestar depoimento nos próximos dias. A dona da residência onde o crime aconteceu também foi presa. Ela, no entanto, pagou fiança e foi liberada posteriormente.

No momento do crime, a mulher não estava em casa, mas o celular dela teria sido usado pela filha para guardar o material gravado com imagens do estupro. Além das duas prisões e da identificação de mais um suspeito, a polícia apreendeu dois adolescentes: uma jovem e um rapaz que estavam na mesma residência onde a vítima sofreu o abuso sexual. Com eles, os investigadores encontraram imagens da jovem durante o ato ao qual foi submetida. As cenas teriam sido compartilhadas nas redes sociais. Segundo a delegada, não há dúvida da participação dos dois jovens, de 20 e 22 anos, no estupro coletivo.

— Não há nenhuma dúvida. O vídeo deixa claro o que aconteceu. Não há dúvida de que houve um estupro coletivo — disse a delegada.

O crime tem pena prevista de até 30 anos de prisão, em caso de condenação. Já os dois menores apreendidos responderão por armazenamento de imagens de cenas de sexo envolvendo criança ou adolescente.

A adolescente que sofreu o estupro coletivo foi ouvida na Deam, nesta quarta-feira, por uma policial especializada no atendimento de vítimas de abuso. Ela já havia prestado depoimento anteriormente, quando o caso foi registrado inicialmente na 58ª DP (Posse). Na noite de segunda-feira, as investigações foram transferidas para a Deam. Já na terça-feira, a delegada solicitou à Justiça a decretação da prisão temporária de um dos suspeitos. O pedido foi atendido, e ele foi preso nesta quarta-feira.

Um dia antes, ele chegou a ser ouvido na especializada. O suspeito também usou as redes sociais para alegar que a relação teria sido consensual e que ele havia passado dos limites “na brincadeira”. Ao RJ TV, a delegada Mônica Areal disse que, na realidade, ocorreu um crime grave. “É um crime dos mais sérios. A vítima não tinha a menor condição de se defender. O que vemos no vídeo é uma pessoa desacordada. Não há brincadeira, há estupro”, disse a delegada durante a entrevista.

Fonte: EXTRA

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