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    Bandalhas, mortes e arrastões: homem que esfaqueou turista na praia tinha deixado prisão 12 horas antes

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    Jonathan Batista Barbosa, apontado pela PM como autor das facadas, está foragido — Foto: Divulgação

    O fim de semana prolongado no Rio prometia uma agenda com cultura, praia, música, diversão. Mas o que se teve foi o pior lado da cidade. Dois jovens turistas sul-mato-grossenses que vieram realizar o sonho de ver de perto da estrela do pop Taylor Swift morreram — Ana Clara Benevides passou mal diante do palco, e Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos foi esfaqueado na madrugada de ontem na areia da Praia de Copacabana. Em meio a uma onda de calor extremo, quem foi assistir ao show no Nilton Santos, na Zona Norte, na última sexta-feira, ficou horas sob o sol escaldante para entrar no estádio e, na saída, enfrentou arrastões e taxistas exigindo valores extorsivos pela viagens de volta para casa.

    Estudante de engenharia espacial em Minas Gerais, Gabriel estava cochilando na praia ao lado do um grupo de amigos, que batiam papo na principal atração turística do Rio. Eram cerca de 3h. O grupo foi abordado por dois assaltantes, na altura da Rua Figueiredo Magalhães, a poucos metros do batalhão da PM de Copacabana. De acordo com a Polícia Civil, em depoimento, uma das vítimas contou que Gabriel acordou assustado com a chegada da dupla e, nesse momento, foi esfaqueado no peito. A mesma testemunha relatou aos investigadores que os criminosos estavam alterados e os chutavam o tempo todo. Gritavam que matariam quem se levantasse. Eles roubaram a chave de um veículo e dois telefones celulares.

    Os dois suspeitos são velhos conhecidos em Copacabana, onde circulam como moradores de rua. Um deles foi preso pela PM na manhã de ontem no bairro: Anderson Henriques Brandão foi reconhecido por testemunhas e confessou o envolvimento no crime. O bandido já foi abordado 56 vezes pela polícia e tem 14 anotações criminais. Anderson foi preso com Alan Ananias Cavalcante, que tem longa ficha de antecedentes, mas não foi identificado pelos amigos de Gabriel.

    À tarde, o segundo suspeito foi localizado por policiais da 13ª DP (Copacabana) na Lapa, outro ponto turístico onde há muitos moradores de rua. Jonathan Batista Barbosa, de 36 anos, é apontado pela polícia como autor das facadas. Ele e Alan tinham sido presos na última sexta pelo furto de 80 barras de chocolate e foram postos em liberdade pela Justiça no sábado, 12 horas antes do latrocínio na praia. Jonathan ainda possui seis anotações criminais: homicídio, roubo, porte de arma de fogo, lesão corporal, furto e receptação. Em nota à imprensa, o governo do estado informou que o crime foi solucionado em 12 horas.

    — Além da tristeza, a gente sente uma revolta porque ele estava preso, foi solto. E em menos de 12 horas, matou uma pessoa. Eu vim para passear, me divertir e estou voltando para casa levando o meu primo morto — disse uma prima de Gabriel ao Fantástico.

    A outra vítima desse fim semana foi Ana Clara Benevides, de 23 anos, estudante de psicologia, que fez sua primeira viagem de avião para ver Taylor Swift no Rio. Chegou cedo ao Nilton Santos na última sexta-feira, quando a temperatura oficial chegou a 39,1ºC na cidade. Ela estava perto do palco, por volta das 20h, quando desmaiou. Levada para o Hospital Salgado Filho, não resistiu. De acordo com uma análise inicial do Instituto Médico-Legal (IML), Ana Clara não tinha qualquer doença infectocontagiosa.

    Com um laudo de necropsia inconclusivo e a solicitação da perícia por exames de toxicologia e histopatologia, a Polícia Civil só poderá determinar em até 30 dias a causa da morte da vítima. A delegada Juliana Almeida, titular da 24ª DP (Piedade), informou que Ana Clara teve três paradas cardiorrespiratórias, mas que ainda é prematuro afirmar o motivo do óbito.

    — O laudo de necropsia não foi conclusivo, e o perito solicitou exames complementares. Apesar de o laudo indicar que a hemorragia no pulmão pode ser um caso de insolação, ainda não é conclusivo. É prematuro afirmar que ela morreu por causa do calor. Outras causas não estão descartadas — explicou a delegada.

    Nas redes sociais, fãs reclamaram que, naquele dia, não foi permitida a entrada dos fãs com garrafinhas de água, apesar do calor escaldante. A regra chegou a ser mudada para o segundo show no sábado, que acabou sendo adiado quando o público já lotava o Engenhão devido a “condições adversas do clima”. Após a morte, autoridades determinaram a distribuição de água e mais atendimento médico. O sábado foi mais um dia calor extremo, recorde de todos os tempos (42,5°C), que terminou com um temporal. O Corpo de Bombeiros informou que foram realizados cerca de 60 atendimentos na parte externa do estádio. A maioria passou mal por causa da temperatura alta. Na sexta, a corporação alegou que a prestação do serviço foi realizada apenas na parte interna pelos organizadores.

    A empresa T4F, organizadora do evento, lamentou a morte e afirmou que Ana Clara “foi prontamente atendida pela equipe de brigadistas e paramédicos”. José Weiny Machado, pai da vítima, disse que, até sábado, não tinha sido procurado pela empresa.

    — Seria o certo, não é? Para saber das atitudes que eles vão tomar, sei lá. Mas não vai trazer minha filha de volta — disse Weiny, que foi informado da morte de Ana por telefone. — Tinha uma amiga com ela no hospital, e um médico me ligou.

     

    Sem taxímetro

    Mas o sufoco não parou por aí. Na saída do estádio, no início da noite de sábado, nas proximidades do Engenhão, os fãs tiveram que fugir de arrastões. Imagens publicadas no X (ex-Twitter) mostram as pessoas se escondendo em um estabelecimento e PMs cercando o local. No fim do primeiro show, também houve corre-corre nas imediações do estádio. Quem escapou dos tumultos pode ter sido vítima de taxistas que cobravam até R$ 500 por uma viagem até Copacabana.

    Mas a bandalha não tem limites e chegou até à comitiva de Taylor Swift. Os veículos que transportavam a cantora e sua equipe circularam pela cidade com as placas cobertas por sacos plásticos pretos. A Polícia Civil chegou a apreender os carros, mas eles já foram devolvidos porque não houve flagrante. Em declaração na delegacia, os motoristas alegaram que foram orientados por guardas municipais a cobrir as placas para trafegar em faixas exclusivas. O caso está sendo investigado.

    Procurados, o prefeito Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro não se pronunciaram.

    Fonte: EXTRA

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