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    Rio bate recorde de casos de extorsão, prática comum de milicianos

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    Cobiçada. A comunidade de Rio das Pedras, vista do alto: dominada pela milícia, favela vem sendo alvo de ataques do tráfico — Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

    Prática comum das milícias, a extorsão chegou ao maior patamar no Estado do Rio desde 2003, quando começou a série histórica. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que, de janeiro a outubro de 2023, foram registrados 1.796 casos — em média, um a cada quatro horas.

    A um pouco mais de um mês para o fim de 2023, o número de extorsões no Rio supera em 15% todo 2022, que detinha o maior número de registros até então. E somente a Zona Oeste do Rio, onde facções criminosas se expandem e disputam territórios, concentra um terço de todos os casos.

    Em outubro, o GLOBO mostrou que a extorsão de milicianos pulverizou. Em Santa Cruz e Campo Grande, crianças e adolescentes que vendem balas e outros produtos em semáforos têm de pagar R$ 50 por semana. A área é dominada pelo bando do miliciano Zinho.

    Os dados mostram que na área do 31º BPM (Recreio), o salto foi de 58% entre janeiro e outubro deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dez primeiros meses de 2023 já superam os índices de 2022 em 17%. A extorsão na região, que também abrange a Barra da Tijuca, já vinha em tendência de alta e fechou o ano passado com o dobro de casos que 2021.

    O antropólogo Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado-Maior da PM fluminense, explica que historicamente o crime de extorsão é subnotificado, já que muitos têm medo de denunciar às autoridades.

    — Uma hipótese deste aumento é que reflita a expansão das milícias na cidade em áreas que elas antes não controlavam. Isso pode ser um reflexo dessa população indignada — avalia Rodrigues.

    Na contramão da queda, no Estado do Rio, dos índices de letalidade violenta (que engloba homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, morte por intervenção de agente do estado e roubo seguido de morte), a Zona Oeste presencia uma grande alta dos homicídios.

    As milícias do Rio:

    •  As milícias são grupos paramilitares, que disputam com os traficantes espaço na subjugação de comunidades carentes e bairros na capital e em outros municípios fluminenses. Em 2005, reportagem do GLOBO revelou que essas quadrilhas formadas por policiais e ex-policiais tinham assumido o controle de 42 favelas na Zona Oeste do Rio.
    • Após uma década de expansão e fortalecimento, os grupos milicianos dominam e exploram regiões que se espalham por dezenas de bairros do Rio e no entorno da capital, brigam por novos territórios com um arsenal militar. Corrompem, matam e se infiltram nas instituições. Quase sempre sem punição.
    • Em meio a uma crise interna, a maior milícia do Rio deu, no dia 23 de outubro, uma demonstração de força e parou a capital do estado em represália à morte de um dos integrantes de sua cúpula. Após Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como número 2 da hierarquia da milícia chefiada por seu tio, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, ser morto a tiros pela polícia, seus comparsas incendiaram 35 ônibus e um trem e impactaram o transporte público em uma dezena de bairros da Zona Oeste.

    A área do 18º BPM (Jacarepaguá) lidera, no acumulado do ano, o aumento absoluto de homicídios dolosos, mortes por intervenção de policiais e, consequentemente, a letalidade violenta. A Zona Oeste, onde 35 ônibus foram incendiados em retaliação à morte de um miliciano em confronto com a polícia, em outubro, convive com guerras constantes entre paramilitares e traficantes.

    Em nota, a Polícia Civil atribui o aumento, em parte, “à ação de organizações criminosas na região”:

    “A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e das delegacias distritais, investigam a atuação desses grupo – sejam narcomilícias ou facções criminosas – a fim de identificar e responsabilizar criminalmente os envolvidos. Por meio de ações integradas com as demais forças de segurança estaduais, a instituição atua para reprimir a prática desses crimes”.

    Fonte: EXTRA

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