Foto: Evelen Gouvêa
O prefeito Fabiano Horta participou na manhã desta sexta-feira (1º/12) de um debate na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, que discutiu a viabilidade da implementação de linhas de ônibus ‘tarifa zero’ na capital fluminense. Idealizado e mediado pelo vereador carioca Edson Santos (PT), o debate contou ainda com a presença do presidente da Empresa Pública de Transportes de Maricá (EPT), Celso Haddad, e do presidente do Rio Ônibus (consórcio carioca de transporte urbano), Paulo Valente. Houve também a participação de representantes de grupos e entidades ligadas ao transporte público do Rio e de outras cidades do estado.
Na abertura, foi exibido um vídeo mostrando a satisfação de usuários dos ônibus vermelhinhos de Maricá. O vereador Edson Santos abriu os trabalhos exaltando a experiência de Maricá e defendendo que a tarifa zero nos ônibus se torne pauta do debate político no próximo período eleitoral. “É importante que o assunto entre de vez para a agenda política da cidade em 2024. Seria bom ver os candidatos ao próximo pleito municipal debatendo sua necessidade, e Maricá traz uma experiência importante, que dá uma sensação de revolução no sentido do bem-estar social, algo nítido entre quem vive lá”, ressaltou.
Em sua fala, Fabiano Horta fez questão de dizer que a vontade política é um dos principais fatores para implantar o programa e reforçou as palavras de Edson ao dizer que “não é mais uma questão de se vai fazer, mas de como vai fazer”. Para ele, é preciso trazer de volta à política propostas de caráter utópico, porque são essas as que fazem a sociedades se mover e querer mudar.
“Essa discussão precisa ser federalizada para que o governo federal possa auxiliar os municípios nesse processo de transição. Fico grato pela oportunidade de dizer aqui que é possível, e que tudo melhora com a tarifa zero. Em Maricá, o sistema levou saúde para a vida do maricaense, porque valor de passagem pode ser empecilho até para buscar um tratamento ou uma consulta médica, mas melhorou o deslocamento aos postos de saúde e hospitais. Além disso, a juventude da cidade passou a ter uma nova dinâmica de movimentação e hoje vive o esporte e a cultura da cidade. O ônibus faz ainda o acesso aos bens que ela oferece, facilitou os negócios do pequeno empreendedor e ajudou a aumentar a renda per capita dos cidadãos. Maricá buscou por isso nos últimos 15 anos, quando quebrou o monopólio do transporte e fez valer o que ele é de fato, um direito social do povo brasileiro”, dissertou o prefeito.
Celso Haddad apresentou alguns números atualizados sobre os ônibus tarifa zero em Maricá. Segundo o presidente da EPT, são 3,5 milhões de passageiros transportados a cada mês nos 135 ônibus que operam as 41 linhas municipais. Outro levantamento mostrado por ele aponta que 55% da população utiliza os vermelhinhos para o seu deslocamento, percentual acima da média nacional.
“Tudo isso compromete apenas 2,5% do orçamento municipal. Transporte não é gasto, é investimento em qualidade de vida, além de garantir o direito constitucional de ir e vir a todas as regiões da cidade, e que impacta em todos os setores. Torço para que o Rio de Janeiro seja precursor desta tendência entre as grandes capitais nacionais”, pontuou Haddad.
Um dos espectadores que se inscreveu para participar foi o secretário de Participação Popular e Direitos Humanos de Maricá, João Carlos de Lima, o Birigu. Ele ressaltou que atitudes como a de Maricá, de investir no transporte público gratuito, dependem mais de vontade política do que de volume de arrecadação.
“Falam muito que Maricá é uma cidade que ‘tem dinheiro’. Só isso não basta. A cidade optou por priorizar esse benefício para a população, uma postura que atende diretamente a quem tem menos recursos. Hoje o maricaense exala um prazer de viver que não se vê em qualquer cidade. Mas eu creio também que esse debate precisa envolver outros setores de governo, para que se possa levar as oportunidades de emprego para mais perto do trabalhador e, assim, viabilizar custos da tarifa zero”, avaliou o secretário, contando que nasceu e cresceu no bairro da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, e que a distância pode dificultar a empregabilidade.