A cantora Luciane Dom, de 34 anos, relatou um episódio de racismo durante uma tentativa de embarque no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, nesta quinta-feira (14). Segundo a artista, após passar pela revista e scanner corporal, foi abordada por uma funcionária do aeroporto e submetida a uma nova revista no cabelo, mesmo já tendo passado pelos procedimentos de segurança. O Ministério da Igualdade Racial está acompanhando o caso.
Luciane, mulher negra com um penteado estilo black power, desabafou nas redes sociais, expressando sentir-se “sem chão”, frustrada e desapontada com o ocorrido. Ao chegar em São Paulo ainda na tarde desta quinta-feira, ela enfatizou o impacto emocional do incidente: “Por mais que seja algo que eu espere, é muito ruim quando acontece. Fere algo muito profundo da nossa dignidade.” A cantora acrescentou: “A questão do cabelo pega muito porque a gente fala tanto sobre ancestralidade, mas a situação parece que não muda. Só não quero ficar adoecida por causa disso, algo ruim, cruel.”
Embora tenha recebido apoio de muitos internautas, a publicação que viralizou nas redes sociais também atraiu críticas.
Luciane Dom havia se apresentado na noite de quarta-feira (13) para promover sua música “É Natal” na cidade do Rio e estava embarcando para São Paulo para dar continuidade à divulgação de seu trabalho musical. Ela afirmou que pretende denunciar o caso, mas até então não havia formalizado a queixa.
A ministra Anielle Franco lamentou o ocorrido e destacou que casos como esse “não são isolados”. “Nosso corpo e nosso cabelo precisam ser respeitados. A equipe do Ministério de Igualdade Racial já está se mobilizando para compreender e acompanhar o caso.”
Posicionamento do Aeroporto Santos Dumont
A Infraero, responsável pela administração do Santos Dumont, declarou que Luciane Dom foi selecionada aleatoriamente para uma inspeção manual. Em nota, o órgão afirmou, após averiguação interna por meio de imagens de câmeras de segurança, que não houve uma inspeção nos cabelos da cantora.
A empresa reforçou que a inspeção de segurança aleatória é realizada independentemente de origem, raça, sexo, idade, profissão, orientação sexual, orientação religiosa ou qualquer outra característica do passageiro, seguindo a Resolução ANAC nº 515, de 8 de maio de 2019.
A Infraero reiterou que repudia qualquer forma de discriminação, destacando que comportamentos como injúria racial e racismo não são tolerados nos aeroportos sob sua administração. A empresa se colocou à disposição das autoridades para fornecer quaisquer esclarecimentos necessários.