O ex-policial militar Antonio João Vieira Lázaro, um dos alvos da segunda fase da Operação Dinastia, que teve início nesta terça-feira (19), já foi investigado no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em março de 2018. Em depoimento à Polícia Federal em maio do mesmo ano, o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, afirmou que o subtenente Antonio Lázaro participou de uma reunião com a cúpula do ‘Escritório do Crime’ para encomendar o assassinato da vereadora.
Nessa reunião, conforme o relato de Orlando, estava presente o PM Ronald Paulo Alves Pereira, apontado pelo Ministério Público como um dos líderes do grupo de executores. Este policial é acusado de ter sido próximo de Adriano da Nóbrega, morto em 2020.
Na mais recente ação, denominada II Operação Dinastia, voltada para desmantelar o braço financeiro da milícia liderada por Luís Antonio da Silva Braga, conhecido como Zinho, Antonio Lázaro foi alvo de um mandado de busca e apreensão em sua residência no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Durante a busca, documentos e armas foram apreendidos. Nessa mesma operação conduzida pela Polícia Federal e Ministério Público do Rio (MPRJ), cinco indivíduos suspeitos de envolvimento com Zinho foram detidos: Alessandro Calderaro, Delson Xavier de Oliveira, Jaaziel de Paula Ferreira, Renato de Paula da Silva e William Pereira de Souza.
De acordo com as investigações, a milícia de Zinho obteve mais de R$ 308 mil por meio de extorsões, cobrando “taxas de segurança” de construtoras na Zona Oeste do Rio somente no mês de fevereiro. O grupo paramilitar documentava esses ganhos ilícitos em planilhas detalhadas.
Além disso, as autoridades descobriram que os milicianos utilizavam múltiplas contas bancárias para ocultar a origem e o rastreamento do dinheiro ilegal. Também foi revelado que o grupo de Zinho recebeu assistência da deputada estadual Lucinha (PSD) em 2021. Trocas de mensagens entre ela e o braço direito do miliciano mais procurado do Rio, Domício Barbosa de Souza, conhecido como Dom, foram o ponto de partida para a Operação Batismo, iniciada nesta segunda-feira (19).
A denúncia relata cinco episódios nos quais Lucinha supostamente interferiu em favor da organização paramilitar, seja para beneficiar seus interesses ou para protegê-los de operações policiais.