Árvore de Natal do Parque Ibirapuera, em 2018. Crédito: Alf Ribeiro - Shutterstock
A tradição da árvore de Natal teve início no século 16, e quem espalhou o hábito pelo mundo foi a Alemanha; saiba mais
Quando chega dezembro, muitas famílias ao redor do mundo, em países que comemoram o Natal, fazem uma decoração temática em suas casas. Guirlandas, Papai Noel, presépio, muitas luzes coloridas e, claro, uma bela árvore, natural ou artificial, toda ornamentada e cheia de bugigangas.
De acordo com Carole Cusack, professora de estudos religiosos da Universidade de Sydney, na Austrália, em entrevista à National Geographic, a raiz desta tradição remonta às antigas celebrações pagãs do solstício de inverno, nas quais os pinheiros representavam a vitória da vida e da luz sobre a morte e as trevas.
A história da árvore de Natal é intrinsecamente ligada às regiões com abundantes florestas de pinheiros, especialmente no norte da Europa. Na Letônia, a prática começou em 1510, quando a Irmandade dos Cabeças Negras carregou, decorou e queimou uma árvore, fazendo com que o país, até hoje, reivindique o título de primeiro no mundo a adotar uma árvore como símbolo do Natal – o que é contestado pela Estônia com evidências de um festival semelhante em 1441.
Alemanha teria “espalhado” a árvore de Natal pelo mundo
Cusack acredita ser mais provável que a árvore de Natal em sua forma atual tenha nascido na região da Alsácia, que era território alemão, durante o século 16. Registros históricos indicam que uma árvore de Natal foi erguida na catedral de Estrasburgo em 1539 – e que a tradição se popularizou tanto em toda a região que a cidade de Friburgo proibiu o corte de árvores no Natal de 1554.
A possível influência de Martim Lutero, responsável pela reforma protestante, é notável, pois ele é frequentemente associado à primeira decoração iluminada de uma árvore de Natal, usando velas, após um passeio noturno pela floresta.
Segundo a tradição alemã, a decoração de uma árvore de Natal deve incluir 12 ornamentos para garantir a felicidade de um lar:
- Casa: proteção
- Coelho: esperança
- Xícara: hospitalidade
- Pássaro: alegria
- Rosa: afeição
- Cesta de frutas: generosidade
- Peixe: benção de Cristo
- Pinha: fartura
- Papai Noel: bondade
- Cesta de flores: bons desejos
- Coração: amor verdadeiro
A tradição alemã migrou para o Reino Unido, onde a rainha Charlotte, casada com o rei George III em meados do século 18, introduziu a primeira árvore de Natal na residência real. No entanto, foi a rainha Victoria e o príncipe Albert – imigrantes alemães – que popularizaram esse costume a nível mundial.
Nos EUA, o uso de árvores de Natal foi introduzido por imigrantes alemães no fim do século 18. O presidente Calvin Coolidge supervisionou a iluminação da primeira Árvore de Natal Nacional em 1923, e em 1933, a cidade de Nova York acendeu a primeira no Centro Rockefeller, o que se tornou uma atração anual.
Costume foi adaptado na Rússia
Na Rússia, as árvores decoradas são uma tradição de longa data. No entanto, elas iluminam a Praça da Catedral no Kremlin todo mês de dezembro não para celebrar o Natal, mas, na verdade, o Ano Novo (yolka), tradição que surgiu a partir da proibição das árvores de Natal após a Revolução Russa.
Na década de 1920, o recém-empossado governo soviético lançou uma campanha contra as religiões – começando pelo que considerava tradições burguesas como o Natal. Com a proibição das árvores de Natal e outros costumes, o regime laico começou a incentivar os cidadãos a trocar as comemorações natalinas pelas de Ano Novo.
Explicações folclóricas
Há ainda várias explicações folclóricas diferentes para o significado da árvore. Alguns acreditam que o item foi inspirado na árvore do paraíso, símbolo do Jardim do Éden apresentado em uma popular peça teatral da Idade Média sobre Adão e Eva.
Outros acreditam que seja uma evolução das pirâmides de Natal, estruturas de madeira decoradas com galhos de pinheiros e figuras religiosas. Cusack não vê nenhum fundamento nessas teorias. Pelo contrário, segundo a pesquisadora, “a árvore de Natal foi criada para ser religiosamente neutra no contexto do cristianismo”.
Fonte: Olhar Digital