Um dos acessos à rodoviária do Rio — Foto: Fabiano Rocha
Segundo a investigação, os criminosos teriam agido com o mesmo modus operandi, roubando e ameaçando as vítimas de morte durante a abordagem na Avenida Francisco Bicalho, em São Cristóvão.
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar se grupo criminoso que sequestrou um ônibus que vinha de Angra dos Reis, na Costa Verde, com pelo menos 20 passageiros, na última terça-feira, é o mesmo que teria roubado um modal da Viação Expresso do Sul, que vinha de São Paulo para o Rio de Janeiro, no dia 22 de dezembro.
Conforme a investigação, os suspeitos, cerca de cinco homens, teriam agido com o mesmo modus operandi, sequestrando e roubando pertences de passageiros nas proximidades da rodoviária Novo Rio. Ainda de acordo com a polícia, eles abordaram o ônibus enquanto esperava no sinal e obrigaram o motorista a dirigir até a entrada do Complexo do Maré, na Zona Norte. Na ocasião, ainda segundo fontes da polícia, três turistas chineses tiveram seus celulares, passaportes e R$ 2 mil roubados.
A dinâmica do caso ocorrido no dia 22 de dezembro, pouco antes do Natal, assemelha-se ao sequestro de terça-feira, em que 20 passageiros, incluindo o motorista, foram feitos reféns e tiveram seus pertences roubados. Uma testemunha que dormia no momento da abordagem criminosa disse, em depoimento à polícia, que acordou assustado com barulho dos tiros. E que os homens “além de estarem armados eram violentos”.
Os suspeitos pararam o veículo no sinal que fica na Avenida Francisco Bicalho, próximo à Rodoviária Novo Rio. E assim como no sequestro de terça-feira, obrigaram o motorista a dirigir para uma das entradas do Complexo da Maré, área dominada pela maior facção criminosa do Rio.
Além disso, ainda segundo as testemunhas, os homens teriam ameaçado os passageiros de morte durante todo o trajeto.
Nove passageiros baleados na véspera de Natal
A véspera de Natal também foi marcada por um tiroteio na Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso, que terminou com nove pessoas feridas, encaminhadas para o Hospital Geral de Bonsucesso. De acordo com a Polícia Militar, na ocasião, agentes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) deram ordem de parada a um carro “em atitude suspeita”, que havia deixado o Complexo da Maré, e os ocupantes do veículo abriram fogo contra os policiais. Houve confronto, e os suspeitos conseguiram fugir. Três veículos — dois carros e um ônibus — foram atingidos pelos disparos, assim como uma viatura, perfurada na parte dianteira e que teve os pneus furados, segundo a corporação.
Ao menos 13 disparos atingiram o coletivo, que fazia a linha 665 (Pavuna—Saens Peña), sendo duas perfurações no para-brisa, e as demais na lateral.
Durante a ocorrência, dois médicos e um pastor que saiam de uma celebração de Natal na Igreja Batista de Irajá, na Zona Norte, ficaram em estado grave após serem atingidos pelos disparos.
Adolescente atingido na cabeça
Em setembro do ano passado, um ônibus da linha 472 (Triagem x Leme) foi alvo de ataque de criminosos. Na ocasião, um adolescente de 16 anos foi atingido na cabeça por um objeto de metal. A vítima precisou levar sete pontos e ficou com cicatrizes. Nesta quinta-feira, o menor de idade compareceu na delegacia acompanhada da mãe, que preferiu não identificar, para prestar depoimento nesta quinta-feira como parte do processo de investigação. Segundo ela, o filho voltava da escola, que fica em São Cristóvão, na Zona Norte, quando por volta das 18h30 da ocasião foi surpreendido por um grupo de suspeitos que tentavam invadir o ônibus para assaltar.
O jovem que estava sentado na janela, perto do motorista, foi atingido na cabeça. O caso segue sendo investido pela polícia. Até o momento, nenhum suspeito foi preso ou identificado.
Em nota, a Polícia Militar informou que “todos os batalhões de área da Corporação empregam o Policiamento Transportado em Ônibus Urbano (PTOU), uma modalidade que visa a abordagem e revista específicas nos coletivos que circulam pela capital e interior do estado”.
Ressaltando que as unidades especializadas, como a das Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) e o Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), “também realizam esse trabalho de abordagem, principalmente em corredores de maior fluxo de veículos e pontos de ônibus situados em vias de expressiva circulação, como a Av. Brasil e a Linha Amarela”.
De acordo com os últimos índices do Instituto de Segurança Pública (ISP), num comparativo entre os períodos de janeiro a novembro de 2023 e 2022, houve queda de 19.1% nos roubos a coletivos no Estado. Na capital, essa queda foi ainda maior, apresentando redução de 33.3% no mesmo comparativo.
Fonte: EXTRA