Nesta segunda-feira (8), Ana Maria Paixão, detida por atear fogo em seu marido no Jardim América, na Zona Norte do Rio de Janeiro, tornou-se ré pelo crime de homicídio triplamente qualificado. A juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis aceitou a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), argumentando que a mulher agiu por motivos torpes, utilizando métodos cruéis e impossibilitando a defesa da vítima. André Luiz de Amorim Chapeta, de 50 anos, faleceu quatro dias após o incidente.
A magistrada, da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), fundamentou sua decisão na existência de provas consistentes do crime e indícios de autoria apresentados no processo. Ana teve sua prisão temporária convertida em prisão preventiva durante essa determinação. Para Roidis, a detenção da mulher é crucial para garantir a ordem pública, considerando o risco que sua liberdade representaria para a sociedade e para o curso do processo judicial.
“É evidente que as circunstâncias dos fatos ampliam a gravidade intrínseca ao tipo penal, uma vez que o crime foi cometido de maneira cruel e covarde. Ana Maria, estando a vítima, André Luiz, sentada de costas para a acusada, foi surpreendida quando esta ateou fogo nele, resultando em seus ferimentos fatais dias após o incidente. Portanto, diante desse cenário, a prisão se mostra necessária para preservar a ordem pública local”, registrou a juíza em sua decisão.
Ana foi presa em 11 de dezembro de 2023 pela 38ª Delegacia de Polícia (Brás de Pina). Ela foi encontrada na residência que compartilhava com o companheiro, na Rua Cristiano Machado, no bairro Jardim América, Zona Norte do Rio. Segundo as investigações, o motivo do crime foi ciúmes por parte da mulher, que estava casada com a vítima há 30 anos.
O incidente ocorreu na madrugada de 4 de dezembro do mesmo ano, dentro de uma peixaria na Rua Cari Levi, e foi capturado pelas câmeras de segurança do estabelecimento. O delegado Flávio Rodrigues, titular da 38ª DP e encarregado das investigações, enfatizou a importância das imagens para o pedido de prisão temporária de Ana. Ele destacou a frieza da mulher ao presenciar o marido em chamas.
O vídeo mostra Ana jogando álcool no corpo da vítima e acendendo um isqueiro. No momento do ataque, André permanece sentado, parecendo não acreditar no que estava acontecendo. Após o fogo se alastrar, ele corre em chamas para o interior do estabelecimento.
Testemunhas relataram em depoimento que o casal tinha um histórico de discussões frequentes por ciúmes. Na delegacia, a acusada afirmou ter perdido o controle e apenas queria assustar o marido.
André, mesmo em estado gravíssimo no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte, conseguiu falar com os investigadores um dia antes de falecer, em 8 de dezembro. Ele foi sepultado no Cemitério de Irajá, também na Zona Norte, um dia após sua morte.