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    No IML, irmã de jovem morto por PM com tiro à queima-roupa desabafa: ‘Quero que esse policial pague’

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    “Quero justiça. Quero que esse policial pague pelo que fez”. Esse foi o pedido de Kaylaine de Araújo Costa, irmã do jovem Jefferson de Araújo, de 22 anos, que morreu após ser baleado à queima-roupa por um PM, durante um protesto que era feito na Avenida Brasil, às margens da comunidade da Nova Holanda, no Complexo da Maré. A familiar falou sobre a perda enquanto aguardava a liberação do corpo do irmão, no início da tarde desta sexta-feira (9), na porta do Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro.

    “Foi tudo na minha frente e na frente da minha mãe. Foi desesperador. Até agora não estou acreditando. (…) O meu irmão era uma pessoa boa, trabalhadora, trabalhava como entregador, ajudante de pedreiro, ajudava toda a família também. Sempre ajudava a minha avó a carregar as compras, com as bolsas pesadas. Agora ela está lá, sofrendo, chorando muito, em pânico”, comentou.

    Polícia faz perícia onde Jefferson de Araújo Costa foi morto por PM no Parque União, Zona Norte do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (08).Pedro Ivo/Agência O Dia 

    A jovem conta que ela, o irmão e outras pessoas participavam de um protesto contra a operação policial feita na comunidade da Nova Holanda, nesta sexta-feira (9), quando o PM Eduardo Gomes dos Reis, lotado no 22º BPM (Maré), desembarcou da viatura já com o fuzil apontado, pronto para atirar.

    Imagens que circulam nas redes sociais mostram a abordagem do PM, que usa o fuzil para bater nas costas de Jefferson. Logo em seguida escuta-se o disparo. A gravação mostra a vítima sangrando e desmaiando na calçada.

    “Meu irmão estava tacando um caixote na pista, da mesma forma que eu e muitos estavam fazendo. O policial estava dentro do carro, sem fazer nada, mas conforme continuamos jogando, ele se revoltou e saiu do carro já com o fuzil destravado e dedo no gatilho. Veio com o fuzil já atirando, na intenção de matar. Não tinha bandido ali, só morador”, relembrou.

    O policial foi preso logo após o caso pelo crime de homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.  Segundo a PM, a arma e a câmera operacional portátil instalada na farda de Eduardo foram recolhidas e disponibilizadas para a investigação.

    Ele foi transferido, ainda no fim da noite desta quinta-feira (8), para o Batalhão Especial Prisional (BEP) de Niterói, na Região Metropolitana.

    O caso inicialmente seria investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), mas por ter sido considerado homicídio culposo, acabou sendo transferido para a Justiça Militar.

    O advogado procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados (OAB) do Rio, Rodrigo Mondego, falou sobre o caso ainda nesta quinta-feira. Ele também acompanha a família na liberação do corpo no Instituto Médico Legal, nesta sexta (9).

    “A Delegacia de Homicídios entendeu se tratar de um homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. Então o caso será remetido para a Justiça Militar. Nem vou entrar na questão da omissão de socorro, que também foi outro crime cometido contra o Jefferson. Só que os policiais da DH fizeram a família se deslocar a toa do hospital, onde estava o corpo de Jefferson, até a delegacia que fica a mais de 30 km de distância de onde elas moram. Isso a menos de 8 horas da morte dele. Revitimização nítida”, avaliou.

    Até o momento, não há informações sobre a data, local e horário de sepultamento de Jefferson.

    Fonte: O Dia

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