Uma cuidadora foi detida em flagrante após ser acusada de agredir um menino de 11 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em Bento Ribeiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A mãe da criança descobriu o incidente na última segunda-feira (12) ao visualizar as agressões por meio das imagens de uma câmera de segurança instalada em sua residência. Durante a audiência de custódia realizada no dia seguinte, a detenção da agressora foi convertida em prisão preventiva.
Marcelli Lima, mãe do menino, relatou nas redes sociais que seu filho é autista não verbal, ou seja, não se comunica verbalmente. A cuidadora, identificada como Vera Lúcia Soares França, é vizinha da família e cuidava da criança há 1 ano e dois meses para permitir que Marcelli, que tem outro filho menor de idade, pudesse trabalhar.
As imagens capturadas mostram os dois sentados no sofá, quando Vera desferiu socos na perna do menino que tentava se levantar. Marcelli, que é policial militar e estava descansando no quarto após um plantão de Carnaval, flagrou a cena.
“Instalei a câmera para monitorar a casa devido ao seu comportamento hiperativo, mas nunca esperava presenciar agressões. Havia sinais, como muito choro quando ela chegava, indicando que ele sabia que eu estava prestes a sair. Naquele dia, eu estava dormindo quando passei por ela no sofá e, por ela estar cochilando, não me notou. Quando meu filho tentou se levantar, as agressões começaram”, explicou Marcelli.
Ela também revelou que ficou atônita ao ver as imagens e, ao confrontar a cuidadora, recebeu a desculpa de que tudo não passava de uma brincadeira. Mesmo assim, Marcelli chamou a Polícia Militar e mandou a mulher embora. A criança foi levada para atendimento médico junto com a mãe, e no trajeto, os policiais prenderam a cuidadora em flagrante.
“Ordenei que ela saísse, mas ela negou tudo e insistiu que eu tinha interpretado erroneamente sua ‘brincadeira’. Quando vi mais imagens e não consegui assistir tudo, liguei para o 190 e ela foi presa em flagrante. Como eu, muitas mães confiam seus filhos a outras pessoas por necessidade, mesmo com câmeras de vigilância e eu em casa, mas esse monstro agiu dessa maneira. Não consigo nem imaginar o que acontecia quando eu não estava presente”, lamentou.
Nas redes sociais, Marcelli pediu desculpas ao filho e compartilhou fotos carinhosas dele. “Estou tentando lidar com tudo isso, mas sinto como se uma parte de mim tivesse morrido. Os sentimentos e pensamentos são os piores. Não desejo isso a ninguém. A necessidade nos faz confiar em pessoas que, na verdade, são monstros”, acrescentou.
O caso foi registrado na 30ª DP (Marechal Hermes) e encaminhado à Justiça. Na audiência de custódia, o juiz Alex Quaresma Ravache explicou em sua decisão de converter a prisão em preventiva que Vera foi detida em flagrante pela suspeita de lesão corporal em contexto de violência doméstica contra uma criança com autismo nível 3.
“Há evidências do crime e indícios suficientes de autoria, demonstrados pelos depoimentos da vítima e testemunhas na delegacia, bem como pelo laudo do exame de lesão corporal”, declarou em um trecho.
A reportagem não conseguiu entrar em contato com a defesa de Vera. O espaço está aberto para manifestações.
