Lucas Germano da Silva, de 22 anos, foi sepultado na tarde desta segunda-feira (19) no Cemitério de Nova Iguaçu, na Baixada. O jovem perdeu a vida após ser baleado durante um assalto na Linha Amarela, altura do Complexo da Maré, na Zona Norte da capital. Emocionados, amigos e familiares se despediram durante a cerimônia, onde a dor da perda se misturou à indignação pela violência que assola a cidade.
O pai de Lucas, Manuel Gregório, compartilhou o pesar de perder o filho de maneira tão trágica. Ele relatou que Lucas pulou um barranco às margens da via na tentativa desesperada de escapar do perigo. Com palavras carregadas de dor e revolta, Manuel expressou sua perplexidade diante do acontecimento.
“Meu filho foi ceifado numa via expressa, despencou de um barranco de nove metros em uma tentativa desesperada de sobreviver. Quando isso acontece, pensamos que está longe, distante da nossa realidade. Mas hoje, eu me vejo apenas como mais uma estatística. Com apenas vinte e dois anos, Lucas mal começou a viver. Era um jovem cheio de sonhos, meu príncipe, meu herói. Às 19h, ele me abraçou e disse: ‘te amo, pai’. À meia-noite, estava lutando por sua vida numa via expressa, sem ajuda. Sem ajuda alguma. Ele não saiu de casa esperando por isso, apenas queria desfrutar de um passeio como sempre fez. Que a dor que estou sentindo hoje não assombre mais nenhum pai. Que as autoridades tomem medidas mais efetivas para evitar que outras famílias sofram o mesmo que a minha. Não estou culpando nenhuma instituição específica, mas é necessário um olhar mais atento para a nossa segurança”, desabafou Manuel.
“Muitas vezes, os jovens são parados, rotulados como drogados ou criminosos, mas não é o caso. São pessoas de bem. Às vezes, são pessoas pobres, como eu e meu filho. Sim, pobres, mas com dignidade, honra, e caráter… Não podemos apenas cobrar das forças de segurança, como a Polícia Militar. É necessário cobrar de quem está no topo da hierarquia. É muito fácil colocar um policial desprotegido em uma área de alto risco. Naquela região, você caminha quilômetros sem ver uma viatura sequer”, acrescentou.
O trágico episódio ocorreu na noite de sábado (17), quando criminosos abordaram veículos na via e anunciaram o assalto. Em meio ao confronto, um policial militar, presente em um dos carros, reagiu, desencadeando um tiroteio. Lucas foi atingido e levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.
Embora o Batalhão de Policiamento em Vias Expressas tenha chegado ao local posteriormente, os assaltantes já haviam fugido. O caso está sob investigação da Delegacia de Homicídios da Capital.