O policial militar Leandro Machado da Silva, procurado por suposto envolvimento na morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, está sob investigação por fornecer dois veículos utilizados no crime. O agente, afastado das atividades nas ruas devido a responder por outro inquérito policial, mantinha ligações com Vinícius Pereira Drumond, filho do falecido contraventor que comandava o jogo do bicho na Zona Leopoldina do Rio, Luizinho Drumond.
As investigações indicam que os suspeitos fazem parte de uma organização criminosa. “Foi um crime com requinte de crueldade, à luz do dia. Foram 18 disparos à queima roupa, revelando a assinatura de um determinado grupo criminoso que já vinha sendo investigado. É um grupo perigoso, que atua mediante pagamento, independentemente da identidade da vítima”, afirmou o secretário da Polícia Civil, Marcus Vinícius Amim Fernandes.
Os delegados Alexandre Herdy e Rômulo Assis, encarregados da investigação, detalharam durante coletiva de imprensa na Cidade da Polícia, nesta segunda (4), que a vítima estava sendo monitorada desde o dia 22 até a última segunda (26) pelo segundo suspeito identificado como Eduardo Sobreira Morais.
Segundo Assis, um dos veículos foi usado para monitoramento da vítima, enquanto o outro foi utilizado pelos executores. Ambos os veículos foram vistos no dia do crime. O primeiro seguiu o advogado de casa até o trabalho e permaneceu no local até a chegada do segundo carro, de onde saiu o assassino, que disparou 18 vezes contra Rodrigo.
“A vítima foi atingida por 21 tiros devido à entrada e reentrada. O carro em que estava o executor fugiu pela Avenida Brasil, mas conseguimos rastreá-lo, porém, sua placa era clonada”, explicou Assis.
Durante as investigações, os agentes localizaram outro veículo clonado com a mesma placa do utilizado na execução, apreendido em Maricá. Enquanto isso, o carro original está sob posse da proprietária em Minas Gerais.
O veículo usado para o monitoramento era de uma locadora e foi alugado pelo policial militar e entregue a Eduardo, que utilizou o automóvel por mais de três meses. Ambos fazem parte de uma organização criminosa investigada pela DHC.
“Já estávamos trabalhando em cima desse grupo criminoso. Conseguimos vincular Leandro Machado a outro investigado envolvido em outros homicídios sofisticados e ousados”, disse Herdy.
Sobre a relação com o filho do contraventor, Vinícius Drumond, durante as investigações, especialmente quando a locadora foi identificada, Drumond parecia ter uma conexão muito próxima com os envolvidos. Ele chegava a ligar para as pessoas da locadora quando os agentes estavam realizando diligências no local.
“O modo de operação dos suspeitos é semelhante ao de uma quadrilha que investigamos há algum tempo. No entanto, mais informações sobre o grupo não serão divulgadas para não prejudicar as investigações”, acrescentou Herdy.
Quanto a Eduardo, sua função na organização ainda está sendo investigada. “Estamos em estágio inicial para entender quem é verdadeiramente Eduardo, pois nem mesmo os familiares mais próximos podem dizer para quem ele trabalhava, apenas sabem que ele trabalhava para alguém com grande poder financeiro. Sabemos que ele trabalhou como segurança de uma escola de samba e de um político”, disse Assis.
Em relação ao PM, ficou evidente que ele era o membro responsável por fornecer os meios para a execução dos crimes. “Não temos evidências de que ele estava presente no momento da execução, mas temos a confirmação de sua participação no fornecimento de todo material logístico, incluindo os veículos”, completou o delegado.
A locadora costuma realizar contratos com empresas e já esteve envolvida em escândalos de corrupção e fraudes. “Descobrimos uma relação muito próxima da locadora com esse grupo, porque os aluguéis eram realizados informalmente, utilizando apelidos e localidades, sem qualquer documentação”, explicou Herdy.
A polícia investiga a participação de Vinícius Drumond no crime devido às constantes ligações dele para o dono da locadora e ao fato de seu nome constar em documentos de aluguel obtidos durante as investigações.
“Quando obtivemos a documentação na locadora em relação aos veículos utilizados no crime, identificamos uma série de fichas, com uma pasta específica do PM Machado, contendo vários veículos alugados ali e dentro desta pasta havia vários carros relacionados a Vinícius. Além disso, quando levamos o dono para depor, Vinícius estava ligando incansavelmente para ele”, disse Assis.
O delegado chegou a solicitar um mandado de busca e apreensão, que foi negado pela Justiça. Nesta segunda (4), estão sendo cumpridos, além dos mandados de prisão temporária, cinco de busca e apreensão contra o PM Leandro Machado Da Silva e Eduardo Sobreira Moraes, ambos considerados foragidos.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos envolvidos. O espaço está aberto para manifestações.
A Polícia Militar informou que Leandro Machado, do 15ªBPM (Duque de Caxias), já estava afastado do serviço nas ruas, pois respondia a outro inquérito por participação em organização criminosa, tendo sido preso preventivamente em abril de 2021.
A corregedoria já havia instaurado um procedimento administrativo disciplinar em relação ao policial, que pode culminar com sua exclusão das fileiras da corporação.
A PM também declarou repúdio e condenação a qualquer crime cometido por seus agentes, prometendo punir com rigor os envolvidos quando os fatos forem comprovados.
O crime ocorreu em frente ao escritório onde o advogado era sócio fundador, na calçada do prédio da OAB-RJ. Imagens de câmeras de segurança mostram um carro branco se aproximando da vítima às 17h16 da última segunda-feira (26). Em uma ação que durou cerca de 14 segundos, um homem encapuzado