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    Após quase dez anos, policial passa por júri popular pelo assassinato de jovem em Manguinhos

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    Após quase uma década do homicídio de Jhonatha de Oliveira Lima, de 19 anos, o policial militar Alessandro Marcelino de Souza enfrenta um julgamento popular nesta terça-feira (5). O processo teve início no começo da tarde, contando com a expectativa da presença de nove testemunhas, sendo cinco para acusação e quatro para defesa. Em frente ao Tribunal de Justiça do Rio, amigos, familiares da vítima e membros de movimentos sociais se reuniram em protesto antes do início do júri.

    Ana Paula de Oliveira, mãe de Jhonatha, expressou sua expectativa em relação ao julgamento: “Eu espero o mínimo. Para mim, a resposta de uma condenação do policial que assassinou meu filho, hoje, é o mínimo. Dez anos de uma luta incansável, uma luta dolorosa, sofrida, acho que ter a resposta da condenação é a resposta do fim da impunidade. É isso que a gente precisa porque, não só no nosso estado, existe uma impunidade da violência policial que alimenta para que outros homicídios aconteçam.”

    Patrícia Gomes de Oliveira, tia de Jhonatha, foi uma das testemunhas a depor durante o julgamento. Após o depoimento, ela clamou pela condenação de Alessandro: “Estamos aguardando há 10 anos pela justiça. Como a minha irmã já diz, a justiça nunca vai ser feita porque não podem trazer o Jhonatha de volta para a gente. Mas o mínimo que o Estado nos deve é a prisão do policial que atira para matar em uma pessoa desarmada. Ele não tem esse direito. Não existe pena de morte no nosso país, mas, na nossa sociedade, a galera legitima que matem certos tipos de pessoas. Por conta da cor, por conta do CEP… Isso tem que acabar.”

    Em maio de 2014, o jovem de 19 anos foi morto com um tiro nas costas durante uma operação policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos, quando voltava a pé para a casa da avó. Inicialmente, o PM alegou ter se deparado com criminosos armados, porém, o exame de balística revelou que a bala que atingiu Jhonatha havia saído da arma de Alessandro. Diante disso, ele admitiu ter realizado sete disparos.

    Um vídeo em 3D produzido pela Defensoria Pública do Rio reconstruiu a cena da morte do jovem, utilizando informações de imagens de satélites, visitas ao local, provas dos autos, perícias realizadas ao longo do processo, depoimentos de testemunhas, além da versão apresentada pelo réu.

    Segundo a Defensoria Pública, houve um protesto de moradores desarmados contra abordagens violentas da polícia, após agentes terem, segundo testemunhas, xingado crianças que brincavam em um campinho de futebol. Em resposta, Alessandro atirou tanto para o alto quanto em direção à multidão, atingindo a vítima que passava próximo ao local com sua namorada.

    Um ano antes do assassinato de Jhonatha, em 2013, o mesmo policial militar já havia sido acusado de triplo homicídio na Baixada Fluminense. Embora tenha sido preso, seu caso foi arquivado e ele retornou ao serviço.

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