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    Motoboys protestam em frente ao condomínio de PM que atirou em entregador: ‘Não seremos oprimidos’

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    Dezenas de motoboys realizaram um buzinaço na manhã desta segunda-feira (5) em frente ao condomínio, em Vila Valqueire, Zona Oeste, onde reside o cabo da Polícia Militar Roy Martins Cavalcanti, responsável por atirar no entregador Nilton Ramon de Oliveira após o trabalhador se recusar a passar pela portaria para entregar um pedido.

    Em declaração ao DIA, Beatriz, amiga e colega de profissão da vítima, afirmou que a categoria está em busca de justiça. Segundo ela, o jovem baleado é conhecido como Sorriso.

    “Ele é uma pessoa de um coração gigante. O que você precisar, ele vai te ajudar. Ele vai dar o mundo por você. É uma pessoa sem comparação. Infelizmente, o mundo em que vivemos é complicado. Não há motivo para fazer isso com ele”, disse.

    Outro motoboy que participou da manifestação reiterou a demanda por justiça e enfatizou que o protesto transcorreu de maneira pacífica. Por receio de represálias, o entregador preferiu não se identificar, destacando que ofensas por parte dos clientes são comuns.

    “Esses casos de discussão ocorrem frequentemente, mas não com a gravidade que ocorreu agora com o Nilton. Discussões acontecem. Pessoalmente, não enfrentei casos de agressão. Xingamentos são frequentes. Os clientes vêm nos xingando e ameaçando. Nós, entregadores, respondemos no mesmo nível, pois não seremos oprimidos”, ressaltou.

    Nilton, de 24 anos, permanece internado em estado grave no Hospital Salgado Filho, no Méier, Zona Norte, desde a madrugada desta terça-feira. Ele foi atingido por um tiro na coxa, e a bala, segundo parentes, atingiu duas artérias. O jovem precisou passar por duas cirurgias e recebeu transfusões de sangue.

    O entregador trabalha como prestador de serviço de entrega por aplicativo há cerca de quatro anos. Anteriormente, vendia balas em semáforos. Ele costumava fazer entregas de bicicleta e frequentemente estava na Estrada Intendente Magalhães, na Zona Norte.

    A Polícia Civil informou que Rony se apresentou na 32ª DP (Taquara) e prestou depoimento. Conforme a corporação, “imagens do ocorrido estão sendo analisadas e testemunhas serão ouvidas”. O caso foi encaminhado para a 28ª DP (Praça Seca). A Corregedoria da PM também abriu um procedimento para investigar o incidente. A arma usada no crime chegou a ser recolhida, mas posteriormente foi devolvida.

    O Incidente

    Nilton se recusou a entrar no condomínio para fazer a entrega do pedido. Diante da recusa, ele retornou ao estabelecimento. Minutos depois, o policial foi armado até a loja, na Praça Saiqui.

    O entregador gravou os momentos anteriores ao disparo, onde o PM já aparece com a arma na cintura. “Não estou armado, sou trabalhador. Estou sendo ameaçado, ele está querendo me agredir, mostrou a arma na minha cara. Tira a arma e faz na mão”, disse Nilton.

    O policial alegou que o motoboy foi desrespeitoso com sua esposa, que teria feito o pedido. “Trabalhador, o c…, minha mulher te tratou com maior educação, vai tomar no … Seja educado, não se propõe a fazer entrega? Então seja educado, minha mulher tem 42 anos e te respondeu na maior educação”, falou.

    Após ser baleado, o PM teria prestado os primeiros socorros e ido embora em seguida. O Corpo de Bombeiros foi acionado e levou a vítima para a unidade de saúde.

    A versão do PM

    No registro de ocorrência, conforme o g1, Roy disse que chegou do serviço por volta das 19h40 e encontrou a mulher nervosa, “pois havia sido destratada pelo entregador do iFood, que se recusou a entregar o lanche”.

    A pedido da esposa, Roy foi até a Praça Saiqui para reaver a entrega. O policial afirma que “a todo momento era ofendido por Nilton, que incitava outros entregadores”. “Roy, para resguardar sua segurança, diante da atitude agressiva de Nilton, sacou sua arma e verificou se Nilton estaria com algum armamento”, continua o registro.

    “Nilton incitou os demais entregadores, que começaram a se inflamar contra Roy. O policial, já com a arma em porte velado, conversou com demais entregadores e explicou sobre a atitude desrespeitosa e agressiva do entregador”, prossegue o relato.

    “A mulher de Roy ligou para o 190 e pediu reforço. O cabo pediu que Nilton esperasse a chegada dos policiais, mas o entregador se negou. Nilton tentou pegar a arma de Roy, que, para preservar sua vida, efetuou um disparo na perna esquerda de Nilton”, destaca o boletim.

    “Roy fez um torniquete na perna de Nilton e ligou para o 193 solicitando socorro”, concluiu.

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