“Hoje, a gente entende que essa questão de ter uma identificação, ter um endereço (do jornal), é fundamental no debate de desinformação. A gente precisa reconhecer o valor de quem se identifica para o público, de quem permite que o público mande questionamento. A gente precisa encontrar políticas públicas que deem apoio às empresas que continuam imprimindo, isso é fundamental”. Marina Pita, Secretaria de Políticas Digitais do governo federal.
Por Lívia Louzada
Nova diretoria da entidade promete unir forças em prol do impresso
União e modernização foram as palavras-chave do XVIII Congresso da Associação dos Diretores de Jornais do Interior do Estado do Rio de Janeiro (Adjori – RJ), que aconteceu no Hotel Windsor Barra, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira, 28. A necessidade de unir os meios digitais, como site e redes sociais, ao impresso, foi amplamente debatido e resultou em importantes conclusões para o futuro dos veículos. Tudo isso embasado pelas palestras sobre Direito Eleitoral, fake news e inteligência artificial que os associados tiveram a oportunidade de assistir. Ao final, a nova diretoria da entidade foi eleita para o mandato até 2027.
A palestra sobre Direito Eleitoral ficou a cargo da advogada Ingrid Ribeiro, que esclareceu os pontos da nova Legislação Eleitoral que os empresários tinham mais dúvidas. Já o também advogado e professor universitário Thiago Loyola, mostrou até que ponto a vida das pessoas é influenciada pela inteligência artificial, e que a tecnologia não é tão futura como muitos pensam, ela já está no meio da população e na vida cotidiana.
Uma das palestras que mais atraiu a atenção dos adjorianos, sobre fake News, foi ministrada pela representante da Secretaria de Políticas Digitais do governo federal, vinculada à Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Marina Pita. De acordo com ela, o governo tem tomado medidas para que conteúdos digitais não disseminem informações falsas e que esses não acabem recebendo mídias legais no lugar dos veículos do interior do país.
“A gente já fez uma instrução normativa (02/2024), ela já passou por consulta pública e já foi publicada. Ela cria regras para negativar sites, quando houver uma decisão judicial de que ele está disseminando conteúdos ilegais e desinformação”.
Ela explanou ainda sobre a importância e força do jornal do interior. “Hoje, a gente entende que essa questão de ter uma identificação, ter um endereço (do jornal), é fundamental no debate de desinformação, tanto é, que o elemento de ter uma sede física no país, ter uma pessoa responsável, entrou na discussão da instrução normativa que veda o direcionamento de publicidade para quem não tem isso. A gente precisa reconhecer o valor de quem se identifica para o público, de quem permite que o público mande questionamento. A gente precisa encontrar políticas públicas que deem apoio às empresas que continuam imprimindo, isso é fundamental”, pontuou.
Marina disse que para isso, é preciso uma contrapartida de mobilização dos veículos. “Essa política pública não vai ser construída, primeiro se não tiver uma pressão de vocês, um diálogo com vocês para nos apresentar essa realidade cotidiana. Quais são os desafios? O que precisa ser valorizado? Como a gente pode separar o joio do trigo sem incorrer no risco de censura e que todos possam participar? Não adianta a gente criar um monte de barreiras e o pequeno (veículo) não conseguir acessar a política pública. Precisamos avançar nessas normatizações internas que garantam segurança jurídica para que as verbas direcionadas aos veículos impressos e aos pequenos e médios, continuem acontecendo e que estejam embasadas em uma visão normativa constitucional”, explicou.
A fala de Pita foi endossada pelo presidente da Adjori Brasil, José Roberto Deschamps, que estava presente no evento e disse que vem se reunindo com frequência com órgãos federais para garantir as mídias legais para os jornais. Segundo ele, três pontos ficaram claros. Um é que será necessário que os veículos atualizem periodicamente seus cadastros nas agências que cuidam das mídias federais. O segundo é a modernização dos veículos, ou seja, que todos, além de terem o impresso, também estejam na internet com site e redes sociais. E por fim, o terceiro. De acordo com Deschamps, foi pedido que os veículos se unam, através das Adjoris, para que essas mídias sejam enviadas e os jornais se fortaleçam.
“Eles não querem atender aos veículos de forma individual, querem atender as entidades, isso mostra a nossa força em rede. Quando estamos juntos, a Adjori passa a ser um veículo grande e forte. Os jornais têm uma necessidade urgente de fazer um trabalho na área digital cada vez mais relevante. Usar todas as plataformas digitais, não só o site. Não dá para pensar o nosso negócio hoje sem o digital”, destacou o presidente.
Nova diretoria
Ao final do encontro, os associados aprovaram a prestação de contas apresentada e, a única chapa registrada, foi eleita por aclamação para o mandato até 2027. Fazem parte da nova diretoria da Adjori – RJ, Marcelo Cunha (presidente), Pablo Sérgio (vice-presidente), 1º tesoureiro (Nelson Cardoso), 1º secretário (Tiers Rangel), 2º tesoureiro (Marlos França) e 2º secretário (Charles Barizon).
Novas diretrizes
O presidente eleito, Marcelo Cunha, falou que a nova gestão caminhará junto com a Adjori Brasil na busca pela valorização dos jornais.
“Estamos entrando em um período, mais fortemente, de buscar modernidade, evolução dos veículos para as mídias digitais e fortalecer os jornais impressos. Nosso discurso junto aos governos é de que deu certo quando eles investiram no impresso e vai dar certo de novo. Os governos tinham mais aprovação quando as informações chegavam pelo impresso, pois nós carregamos credibilidade, então essa é a ideia da nova gestão da Adjori, é trazer mais veículos, é fortalecer esses veículos e unir as Adjoris a nível nacional. As oito Adjoris que compõem a Adjori Brasil devem começar a caminhar juntas, lideradas pela entidade nacional”, enfatizou o presidente.