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    Cessar-Fogo Entre Israel e Palestina: Porque O Fim da Guerra Não Significa o Final da Luta Para Palestinos

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    Por Laura Mendonça: Budapeste, Hungria

    Depois de 15 meses de conflito ativo e dezenas de milhares de casualidades Palestinas, finalmente um acordo para cessar- fogo foi feito entre Israel e Hamas.

    O acordo, que foi sugerido em Maio de 2024, teve seu efeito adiado diversas vezes por desentendimentos entre as partes. Ao longo das diversas negociações, autoridades dos EUA frequentemente culparam o Hamas por não aceitar os termos de um acordo de cessar-fogo. No entanto, na reta final do acordo, o Ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, afirmou que bloqueou repetidamente acordos de cessar-fogo nos últimos 15 meses.

    Com data marcada para entrar em vigor no domingo (19), vídeos de celebrações de Palestinos com o iminente fim da guerra inundaram as redes sociais. Porém, houveram relatórios que somente 3 dias antes da data do cessar-fogo Israel bombardeou Gaza com um ataque aéreo que matou 73 pessoas em uma noite. Houveram também protestos por parte de cidadãos Israelenses nas ruas, que discordavam com o final da guerra, seguindo as reclamações de membros do governo Israelense.

    No entanto, seguindo as negociações, o cessar-fogo de Israel entrou em efeito às 11:15 da manhã de domingo, em horário local. Seguindo um plano de ação parecido com o proposto em Maio de 2024, o cessar-fogo terá 3 fases, a primeira que supostamente duraria 42 dias, enquanto as forças militares de Israel saem de Gaza.

    Mas a luta da população palestina está longe de acabar. Nesta segunda-feira (28) milhares de palestinos inundaram os portões no norte de Gaza, onde militares israelenses abriram os ‘pontos de checagem’ que dividiram Gaza por 1 ano, sem que ninguém pudesse sair ou entrar, separando famílias e amigos que não sabiam se se veriam de novo. Osama, um servidor público de 50 anos, contou ao jornal The Guardian ao retornar a Gaza: “Meu coração está batendo, pensei que nunca mais iria voltar”.

    As Nações Unidas informaram que mais de 200.000 pessoas foram vistas se deslocando para o norte na manhã de segunda-feira. As autoridades do Hamas em Gaza disseram que mais de 300.000 palestinos deslocados retornaram ao norte do território. Esses Palestinos, juntos aos estimados 400.000 que permaneceram no norte de Gaza, agora tem que lidar com as consequências da guerra.

    Pessoas que retornaram para avaliar os danos às suas casas disseram que encontraram nada além de destruição e vestígios de suas vidas anteriores. Elas começaram do zero para reconstruir o que perderam. Muitas ergueram novamente seus abrigos improvisados perto das ruínas de suas casas destruídas.

    [Khalil Ramzi Alkahlut/Anadolu]
    O Escritório de Mídia do Governo de Gaza reiterou que não há abrigos suficientes para as famílias deslocadas que estão retornando e pediu assistência urgente e imediata, além de mais abrigos.

    A destruição encontrada pelos palestinos retornando dos campos de refugiados é uma que levará décadas para ser reconstruída. Mas os palestinos ainda não têm a segurança de que seu território será independente de Israel com alguma brevidade.

    A chamada “Solução de dois estados” criada pelas Nações Unidas em 1947, e endossada por diversos países da União Europeia e América Latina, está longe de se tornar realidade. Visto que Israel considera o território de Gaza como seu e não tem dado a menor indicação de que estaria aberto a este acordo, muito pelo contrário.

    Outro fator que demonstra o quão volátil ainda é o estado de segurança do povo palestino é a fala de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que sugeriu “limpar” Gaza dos palestinos: “Eu gostaria que o Egito recebesse as pessoas. Estamos falando de provavelmente um milhão e meio de pessoas, e simplesmente limpamos tudo aquilo e dizemos: ‘Sabe, acabou.'”

    Trump acrescentou que Gaza se tornou “uma bagunça” e que “É literalmente um canteiro de demolição agora, quase tudo está destruído e as pessoas estão morrendo lá. Então, eu preferiria me envolver com algumas nações árabes e construir moradias em outro local, onde talvez possam viver em paz pela primeira vez.”

    A fala de Trump traz ainda mais insegurança para palestinos que desejam viver em suas terras nativas, e causa especulações de que a destruição de Gaza teve a intenção de deslocar palestinos tanto durante mas como após a guerra acabar, como uma ‘solução’ permanente aos desejos do governo de Israel.

    Nos resta agora esperar os desenvolvimentos das fases do cessar-fogo e entender que agora é a hora de começar as discussões para o desenvolvimento de um estado palestino, para que, quando Gaza se reerguer, sua segurança esteja garantida de forma sustentável.

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    Laura Mendonça
    Laura Mendonçahttps://gazeta24horasrio.com.br/
    Expert de Relações Internacionais e correspondente baseada em Budapeste, Hungria. Procuro trazer matérias com análise de cenários internacionais, com um olhar atento para as dinâmicas políticas, econômicas e sociais que moldam o mundo, trazendo uma perspectiva detalhada e contextualizada dos acontecimentos em tempo real.

    Institucional

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