Mais uma onça-parda (Puma concolor) foi registrada pelas câmeras do Programa de Monitoramento da Fauna Silvestre (Mofama) no município de Maricá. O felino, com aproximadamente dois anos de idade, foi avistado em janeiro no Refúgio de Vida Silvestre Municipal de Maricá (Revis), no Espraiado. Esse é mais um dos registros recentes da espécie na região, que teve outro avistamento em abril de 2024.
Além da onça-parda, os equipamentos também captaram imagens de outros mamíferos silvestres, como gambás, cuícas, caxinguelês e quatis. O monitoramento ao longo do ano registrou também espécies ameaçadas, incluindo gato-maracajá (Leopardus wiedii), gato-mourisco (Puma yagouaroundi) e jaguatirica (Leopardus pardalis), reforçando a importância das unidades de conservação para a preservação da biodiversidade.
Monitoramento e conservação
O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Helter Ferreira, destacou a relevância desse novo registro. “A presença de uma nova onça-parda no Refúgio de Vida Silvestre reafirma nosso compromisso com a preservação ambiental e a necessidade do monitoramento contínuo da fauna local. A colaboração da comunidade é essencial para proteger esse patrimônio natural”, afirmou.
As armadilhas fotográficas, fixadas em pontos estratégicos do Revis, capturam imagens de maneira automática sempre que detectam movimento. As câmeras são inspecionadas mensalmente e fornecem dados valiosos sobre a fauna local.
Desde 2023, o programa conta com o reforço de equipamentos cedidos pelo projeto Onças Urbanas, uma iniciativa conjunta do Instituto de Biologia da UFRJ, BioParque do Rio de Janeiro e Projeto Aventura Animal, sob a coordenação do biólogo Dr. Izar Aximofi. A ação busca fortalecer o monitoramento da fauna e promover a educação ambiental nas comunidades próximas.
Espécies ameaçadas em Maricá
O biólogo Izar Aximofi também ressaltou a presença de mamíferos de médio e grande porte, incluindo espécies vulneráveis, como lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e paca (Cuniculus paca). Ele destacou que muitas dessas espécies não são mais encontradas em unidades de conservação próximas, como o Parque Nacional da Tijuca, o que evidencia a importância do Revis para a preservação da Mata Atlântica.
A onça-parda está na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e é classificada como vulnerável pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Esse grande felino, um dos mais adaptáveis da América, pode se alimentar de uma variedade de presas, desde mamíferos até aves e répteis.
De hábitos noturnos e comportamento solitário, as onças-pardas podem pesar entre 40kg e 50kg e são fundamentais para o equilíbrio ecológico, atuando como predadores de topo da cadeia alimentar.
Histórico de registros
O primeiro registro de uma onça-parda em Maricá ocorreu em setembro de 2021. O segundo avistamento foi feito pela Prefeitura em outubro de 2023, seguido de um terceiro registro em fevereiro de 2024, em uma propriedade rural de Ponta Negra. Já o quarto flagrante ocorreu em uma área de mata a cerca de quatro quilômetros da sede do Revis, no Espraiado.
Além das onças-pardas, outros animais ameaçados de extinção também foram avistados na região. Em novembro de 2024, câmeras registraram um gato-mourisco (jaguarundi) percorrendo o Refúgio de Vida Silvestre de Maricá. Essa espécie rara já havia sido flagrada no local em janeiro do mesmo ano.
Importância do monitoramento
O Programa de Monitoramento da Fauna de Maricá segue registrando dados que contribuem para pesquisas sobre a conservação da biodiversidade, avaliando a efetividade das áreas naturais protegidas e acompanhando tendências populacionais das espécies locais.
O avanço das pesquisas reforça a importância da preservação dos ecossistemas naturais e do envolvimento da comunidade para manter a riqueza ambiental da região.