Uma briga entre estudantes no Ciep 178 João Saldanha, localizado em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, resultou em ferimentos para a diretora da unidade, Denise Lopes Galvão. O incidente ocorreu na última quinta-feira (13), quando uma disputa entre alunos escalou para uma agressão física. Denise sofreu uma lesão no pé, precisando ficar com o membro imobilizado por 10 dias e sendo carregada em cadeira de rodas.
O conflito entre os alunos teve início no período de Carnaval, culminando na briga registrada no vídeo que circula pelas redes sociais. Nas imagens, é possível ver os adolescentes trocando socos e empurrões até a intervenção da diretora. Após a tentativa de intervenção, os alunos continuam com as agressões, derrubando Denise.
Denise relatou nas redes sociais que acionou a Polícia Militar, mas a chegada das equipes demorou cerca de duas horas. Ela também compartilhou seu desconforto emocional, afirmando que, além das lesões físicas, sente-se ferida como profissional e mãe. “Estou ferida como profissional, como mãe e trabalhadora, que apenas quer exercer seu papel. Eu estava no exercício da minha função. Hoje, estou com meu pé imobilizado, mas poderia ter sido um tiro ou uma facada. A minha vontade é de não voltar mais. Hoje, meu sentimento é de fracasso!”, desabafou.
A diretora ainda comentou sobre sua decisão de intervir na briga, expressando sua crença de que a escola pode proporcionar um futuro melhor para os jovens, apesar da violência presente na sociedade. “Eu escolhi dar suporte aos muitos filhos de trabalhadores que, assim como nós, acreditamos que a escola pode dar um futuro para estes jovens e isso causa exposição e consequências”, destacou.
Apoio e Fiscalização
A Polícia Militar foi acionada e os agentes do 39º BPM (Belford Roxo) prestaram socorro à diretora e aos alunos feridos, encaminhando-os para o Hospital Municipal de Belford Roxo. O caso foi registrado na 54ª DP (Belford Roxo) e está sendo investigado. A Polícia Civil abriu um termo circunstanciado de ocorrência para apurar a lesão corporal.
A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) emitiu uma nota dizendo que tomou as providências necessárias após o incidente, chamando os responsáveis pelos alunos envolvidos e acionando a ronda escolar. A Seeduc também reforçou seu compromisso com a promoção da cultura da paz nas escolas e a não tolerância a qualquer forma de violência.
Reação da Associação de Diretores
A Associação de Diretores de Escolas Públicas do Estado do Rio (Aderj) se solidarizou com Denise Lopes Galvão e orientou a diretora a emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e a procurar acompanhamento médico. A Aderj denunciou que o caso não é isolado e que a violência nas escolas tem se tornado um problema crescente e sem solução institucional.
A associação afirmou que a insegurança generalizada e a violência nas escolas têm se intensificado no estado do Rio de Janeiro, prejudicando o ambiente escolar e expondo os profissionais à violência. “As escolas não estão equipadas para prevenir ou reprimir esses atos de violência. E os diretores e professores, mesmo expondo sua segurança, tentam fazer o que lhes é possível”, declarou a Aderj.
A entidade também criticou a falta de programas eficazes para combater a violência escolar e destacou que os protocolos existentes não são suficientes para garantir a segurança dos profissionais da educação.