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Governo anuncia novos investimentos para fortalecimento da indústria da saúde no país

Foto: Louis Reed/ Unsplash

Três iniciativas estratégicas recentes reforçam a consolidação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis), uma das principais frentes da política industrial brasileira voltada à modernização produtiva e ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).

Durante cerimônia em Montes Claros (MG), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou um investimento de R$ 6,4 bilhões para ampliar sua produção de medicamentos no Brasil. A empresa, uma das principais fornecedoras de insulina e tratamentos para hemofilia ao SUS, planeja expandir sua capacidade de fabricação de fármacos injetáveis voltados ao tratamento da obesidade, diabetes e outras doenças crônicas.

A previsão é de criação de 600 novos postos de trabalho, somando-se aos 2,65 mil empregos diretos e indiretos já mantidos pela empresa no país.

Apoio a empresas inovadoras

No mesmo dia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação Butantan formalizaram a criação de um fundo de investimento voltado a micro, pequenas e médias empresas inovadoras na área da saúde. O fundo contará com um aporte inicial mínimo de R$ 200 milhões, destinados a fortalecer a cadeia produtiva nacional que abastece o SUS.

O BNDES poderá investir entre R$ 50 milhões e R$ 125 milhões, enquanto a Finep deve aplicar até R$ 60 milhões. A Fundação Butantan, por sua vez, ligada ao governo de São Paulo, destinará pelo menos R$ 50 milhões.

Entre as iniciativas contempladas está o financiamento à principal fornecedora nacional de stents farmacológicos, dispositivos utilizados em procedimentos cardiovasculares. A empresa, sediada em Goiás, também fornecerá ao SUS cateteres, fios guias dirigíveis e balões periféricos.

Política industrial estruturada

Essas ações fazem parte da chamada Missão 2 da Nova Indústria Brasil (NIB) — política industrial relançada em janeiro de 2024. A meta é elevar a produção nacional de medicamentos, vacinas, equipamentos e insumos médicos de 45% para 70% até 2033, reduzindo a dependência de importações.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, os investimentos direcionados à Missão 2 já superam R$ 57 bilhões, somando recursos públicos e privados.

O presidente Lula destacou a importância estratégica do Ceis:

“Há uma revolução na recuperação da indústria deste país, especialmente nas áreas ligadas à saúde. Isso é possível porque o SUS é um grande comprador de tudo o que produzimos aqui”, afirmou.

Avanços na autossuficiência

Um dos destaques dos investimentos é o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, em construção pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro. A unidade ocupará uma área de 580 mil m² e terá capacidade para produzir 120 milhões de frascos de vacinas e biofármacos por ano, voltados prioritariamente ao atendimento do SUS.

Com previsão de R$ 2 bilhões em recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o projeto ainda busca mais R$ 4 bilhões em parcerias e investidores. A Fiocruz também desenvolve vacinas com tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), incluindo imunizantes contra a covid-19.

Impacto econômico

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Complexo Econômico-Industrial da Saúde é fundamental para o desenvolvimento do país. Segundo a entidade, o setor representa cerca de 10% do PIB e concentra mais de 30% do esforço nacional em ciência, tecnologia e inovação.

A cada R$ 1 milhão gerado pelo setor farmacêutico, calcula-se um retorno médio de R$ 2,46 milhões em valor bruto da produção, segundo estimativas da CNI.

Setor farmacêutico estratégico

O presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini, reforça a importância de tratar o incentivo ao setor como política de Estado, com marcos legais bem definidos e estabilidade regulatória.

“A cadeia produtiva farmacêutica é uma das mais avançadas do país, com forte capacidade tecnológica e científica, gerando cerca de 900 mil empregos diretos e indiretos”, afirmou.

Com essas medidas, o governo busca fortalecer a soberania sanitária nacional, impulsionar a geração de empregos qualificados e garantir maior segurança no abastecimento do SUS — aprendizados que ganharam relevância especial durante a pandemia de covid-19.

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