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Controle do diabetes deve incluir atenção ao coração

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quando o assunto é diabetes, cuidar só da glicose não basta. Segundo o cardiologista Bruno Bandeira, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), o diabetes caminha lado a lado com outros vilões, como pressão alta e colesterol elevado — uma combinação que dispara o risco de infarto, AVC e até insuficiência renal.

“Não é só a glicose alta que preocupa. O diabetes pode levar à hemodiálise e muita gente só descobre a doença depois que o problema é grave. A prevenção é urgente”, alerta Bandeira.

O médico é um dos editores do manual “Diabetes e Doença Cardiovascular”, que será lançado no 42º Congresso de Cardiologia nos dias 8 e 9 de maio, no Expo Mag, no Rio. O material traz orientações práticas sobre diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes e será disponibilizado online no site da Socerj após o evento.

“O objetivo é ajudar o médico que está na linha de frente, mostrando como avaliar o paciente, rastrear complicações no coração e escolher o melhor tratamento”, explica Bandeira.

Novos medicamentos mudam o jogo

O tratamento do diabetes vem passando por uma revolução silenciosa. Novos medicamentos, como os inibidores da SGLT2 e agonistas do GLP1, não apenas controlam a glicose, mas também protegem o coração e os rins — e até reduzem o risco de Alzheimer.

Entre as novidades, destaque para a empagliflozina e dapagliflozina, medicamentos orais já disponíveis no SUS para diabéticos acima de 65 anos, e a semaglutida, uma caneta subcutânea inicialmente usada para emagrecimento, mas essencial no controle do diabetes.

E tem mais: a Anvisa aprovou a Awiqli, a primeira insulina semanal para tratar diabetes tipo 1 e 2 — um avanço e tanto para a qualidade de vida dos pacientes.

Diabetes: desafio global de saúde

O endocrinologista Saulo Cavalcanti, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), reforça que o diabetes é um dos maiores desafios da saúde pública mundial.

“Mesmo sendo uma doença conhecida há milênios, hoje, uma pessoa morre a cada sete segundos no mundo por complicações do diabetes”, destaca Cavalcanti.

Entre os principais obstáculos no combate à doença estão o custo elevado do tratamento, a falta de informação e a baixa adesão dos pacientes.

No Brasil, a situação preocupa: segundo a pesquisa Vigitel Brasil 2023, 10,2% da população — cerca de 20 milhões de pessoas — têm diabetes. O tipo 2 representa 90% dos casos, e, pior, quase metade dos pacientes nem sabe que tem a doença.

“Diabetes não tem cura, mas tem controle. Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor a qualidade de vida”, finaliza Cavalcanti.

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