Uma nova pesquisa da Universidade de Manchester revela que fungos causadores de infecções letais, como o Aspergillus, estão se espalhando para novas regiões impulsionados pelo aquecimento global — e o mundo não está preparado para essa ameaça crescente.
Esses organismos, presentes no solo, na água e no ar, são essenciais para os ecossistemas, mas também representam um risco sério à saúde humana. Estima-se que infecções fúngicas causem cerca de 2,5 milhões de mortes por ano, número que pode ser subestimado pela falta de dados.
Utilizando modelos climáticos e simulações, os cientistas concluíram que espécies do gênero Aspergillus, responsáveis pela aspergilose — doença pulmonar grave e de difícil diagnóstico —, poderão avançar sobre partes da América do Norte, Europa, China e Rússia. O fungo pode aumentar sua presença global em até 77,5% até 2100, expondo milhões de pessoas a riscos maiores.
“Aspergilose tem taxas de mortalidade entre 20% e 40% e está se tornando cada vez mais resistente aos antifúngicos”, alerta Norman van Rijn, autor do estudo. Atualmente, existem apenas quatro classes de medicamentos eficazes contra fungos.
Além do impacto na saúde, Aspergillus flavus, listado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como patógeno crítico desde 2022, também ameaça culturas agrícolas, o que representa risco à segurança alimentar.
O avanço do fungo é impulsionado não só pelas temperaturas mais altas, mas também por eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e tornados, que facilitam a dispersão dos esporos. Paralelamente, regiões como a África Subsaariana podem se tornar quentes demais até para esses organismos, gerando desequilíbrios nos ecossistemas.
Especialistas destacam que as doenças fúngicas ainda são negligenciadas em comparação com infecções virais e bacterianas. “Há uma necessidade urgente de mais pesquisa e monitoramento”, afirma Elaine Bignell, do Centro de Micologia Médica da Universidade de Exeter.
O alerta é claro: se as mudanças climáticas não forem controladas, patógenos fúngicos poderão representar uma das maiores ameaças à saúde global nas próximas décadas.
Fonte: CNN Brasil