Um estudo da Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU), em Cingapura, revela que dezenas de cidades costeiras ao redor do mundo estão afundando em uma velocidade preocupante. A pesquisa analisou a subsidência — termo geológico que define o rebaixamento gradual do solo — em 48 grandes centros urbanos da Ásia, África, Europa e Américas.
As áreas estudadas são especialmente vulneráveis, pois enfrentam simultaneamente a elevação do nível do mar, provocada pelas mudanças climáticas, e o afundamento do solo. Essa combinação aumenta significativamente o risco de inundações e prejuízos à infraestrutura urbana.
Na China, por exemplo, a cidade de Tianjin vivenciou, em 2023, um episódio grave ligado à subsidência. Cerca de 3 mil moradores precisaram deixar seus prédios após grandes rachaduras surgirem nas ruas, causadas pelo rebaixamento do terreno.
O Rio de Janeiro aparece entre as cidades avaliadas. Segundo o estudo, áreas da capital fluminense apresentaram subsidência entre 0,01 cm e 6,3 cm por ano, no período de 2014 a 2020. A estimativa levantada é que aproximadamente 337 mil pessoas residam em regiões da cidade onde o solo afunda, em média, mais de 1 centímetro por ano.
Os cientistas apontam que esse processo pode estar relacionado, entre outros fatores, à elevada extração de água subterrânea. Essa prática pode comprometer a estabilidade do solo e agravar os episódios de alagamentos prolongados.
Em resposta aos riscos, o Rio iniciou em 2012 a construção de quatro reservatórios subterrâneos e um túnel de desvio com o objetivo de melhorar o escoamento das águas em enchentes leves e moderadas. No entanto, especialistas alertam que essas medidas são insuficientes diante da gravidade do problema e da velocidade com que a subsidência está ocorrendo.
O estudo da NTU reforça a urgência de políticas públicas mais robustas e integradas de enfrentamento às mudanças climáticas e de controle urbano sustentável.