Durante entrevista coletiva neste sábado (7), em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a relevância estratégica do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. “Seria o acordo mais excepcional já feito neste começo de século e uma resposta ao unilateralismo. Queremos mostrar que o multilateralismo vai sobreviver e que ele é a razão pela qual o mundo deu um salto de qualidade depois da Segunda Guerra Mundial”, afirmou.
O tema foi central na visita de Estado à França e nas conversas bilaterais com o presidente Emmanuel Macron. Lula, que assumirá a presidência do Mercosul em julho, demonstrou otimismo em relação à assinatura do tratado. “Vamos continuar conversando com a França, porque a França é um bom parceiro político, econômico, cultural e histórico. Estou convencido de que até eu deixar a Presidência do Mercosul vamos ter esse acordo assinado com todo mundo sorrindo”, disse.
Segundo o presidente, apesar das resistências francesas — especialmente no setor agrícola —, há espaço para diálogo. Ele afirmou ter dito a Macron: “Abra o seu coração para o Brasil e vamos assinar esse acordo”, em tom bem-humorado. Lula destacou que não há intenção de prejudicar os produtores europeus. “Longe de mim querer prejudicar o pequeno agricultor francês”, garantiu.
O presidente reforçou a importância de equilibrar interesses comerciais. “A política comercial é uma via de duas mãos. A gente vende, a gente compra”, declarou, citando o consumo de produtos franceses como vinhos, queijos e champanhe como exemplo da complementaridade possível entre os países.
O tratado, cujos termos foram finalizados em dezembro de 2024, em Montevidéu, prevê uma zona de livre comércio entre os 27 países da União Europeia e os quatro do Mercosul. “É importante a gente nunca esquecer: o Mercosul e a União Europeia compõem uma população de 722 milhões de habitantes, com PIB de 22 trilhões de dólares”, observou Lula.
Composto por 20 capítulos, anexos e documentos adicionais, o acordo ainda depende de revisão legal, tradução, assinatura e ratificação pelos países envolvidos. Lula finalizou com uma imagem otimista: “Eu vou encontrar com o Macron na COP30 e penso que lá, quando ele estiver embaixo de uma árvore de 30 metros, quando perceber a beleza da floresta, ele vai fazer o acordo”.