A cidade de Niterói deu um passo histórico para se consolidar como polo criativo e produtivo do audiovisual no Brasil com o lançamento, nesta segunda-feira (16), do NAV 2025 – Niterói Audiovisual, programa que prevê investimento de R$130 milhões nos próximos anos. O evento aconteceu na Sala Nelson Pereira dos Santos, no Reserva Cultural, e contou com uma programação intensa que reuniu autoridades, artistas, profissionais do setor e o público em geral.
Com o slogan “O futuro já está em cena”, o NAV 2025 apresenta 12 ações estratégicas que abrangem todas as etapas da cadeia produtiva do audiovisual, desde a formação de novos talentos até ações de preservação, exibição e incentivo à produção. Entre os principais projetos estão a criação do Museu do Cinema Brasileiro, a reabertura do Cinema Icaraí, a criação da Niterói Film Commission, o Cash Rebate Municipal, o Vale Cultura Audiovisual e o Fundo Municipal de Financiamento Audiovisual.
A cerimônia de abertura foi conduzida pela atriz Dira Paes e contou com a apresentação da Orquestra Aprendiz Musical, além da presença do prefeito Rodrigo Neves, do secretário de Economia Criativa André Diniz e de outras autoridades. “Vamos investir em projetos, capacitação, infraestrutura e incentivos para gerar empregos, renda e oportunidades na cidade e na região”, destacou Neves.
Ao longo do dia, o público acompanhou mesas de debate com nomes de destaque do setor, como Adélia Sampaio, primeira cineasta negra a dirigir um longa no Brasil, e o diretor Clayton Nascimento. A programação inclui ainda uma homenagem a grandes nomes ligados ao cinema e à cidade, como Paulo Gustavo, Leila Diniz, Fernanda Young, Nicette Bruno e Arthur Maia.
O encerramento ficou por conta da exibição do documentário “Arthur, o Gigante”, seguido por show de Jonathan Ferr, videomapping e set do DJ MAM. Para o secretário André Diniz, o lançamento do NAV representa “um marco para o setor cultural da cidade, dando início a um programa estruturante voltado ao fortalecimento da economia criativa e do turismo cultural em Niterói”.
Com o NAV 2025, Niterói se posiciona como um dos mais promissores centros de desenvolvimento audiovisual do país, aliando tradição, inovação e inclusão e proporcionando oportunidades e desenvolvimento às cidades próximas também.
O Prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, contou ao Gazeta sobre a expectativa do programa e do potencial da cidade na área do audiovisual: “A cidade tem uma potência enorme. A primeira faculdade de cinema do Brasil foi fundada pelo Nelson Pereira dos Santos aqui em Niterói, na UFF. A gente, no meu segundo mandato, lançou o Primeiro Programa, que foi um sucesso. A gente tem aqui o Reserva Cultural, que hoje é uma realidade que mudou a dinâmica, porque as pessoas não precisam mais ir ao Rio para assistir a um bom filme independente. O lugar estava aqui, abandonando, e hoje é um complexo cultural. Temos aqui a Sala Nelson Pereira. E tem o IACS (Instituto de Arte e Comunicação Social) da UFF, construído pela Prefeitura em parceria com a UFF mas que forma cineastas, forma muita gente boa no audiovisual. E muitas produções estão sendo premiadas no Brasil e fora do Brasil apoiadas pelo Primeiro Programa de Audiovisual de Niterói e que ajuda a divulgar a cidade, ajuda a trazer investimentos, gerar oportunidades, empregos, renda… Eu tenho certeza de que este segundo programa está ainda melhor, vai deixar um legado muito importante e contribuir para um dos desafios e prioridades desse novo ciclo, que é a transição da economia para uma economia de inovação, de tecnologia, uma economia criativa de serviços que gere oportunidades pros niteroienses.”
Entrevistado pelo Gazeta, André Diniz, Secretário de Economia Criativa e Ações Estratégicas de Niterói, se pronunciou sobre a importância do projeto não só para Niterói como para todo o Estado do Rio de Janeiro e sobre a criação do Museu do Cinema: “A NAV, pra gente, é apostar no futuro da cidade. É apostar na economia criativa, nessa indústria que emprega mão-de-obra qualificada, que traz turistas, que é sustentável, que cria identidade, que cria memória… O que a gente quer hoje é que Niterói faça parte dessa pujança que o Rio já vive. Que é trazer filmagens pra cidade, que á tão bela quanto o Rio, que produções sejam feitas aqui, que a gente também faça formação de profissionais, de mão-de-obra mais técnica, junto com a universidade que já faz a formação do ensino de graduação. Então a gente está muito feliz com esse programa e, claro, tudo isso vai ser simbolizado no Museu do Cinema aqui nesse prédio no Niemeyer, maravilhoso, que vai ser o primeiro museu de cinema brasileiro. O próximo passo agora é sistematizar as ações que ainda não sistematizamos. Vamos entregar o projeto executivo do Museu de Cinema. A reforma do Cinema Icaraí está a todo vapor, as obras. Vamos fazer o Cash Rebate para atrair filmes para a nossa cidade, preparar exibições de filmes em áreas populares… Enfim, é um projeto estruturante de quatro anos. Algumas coisas já estão em andamento e outras ainda vamos começar. É uma parceria da Prefeitura de Niterói com a UNESCO, a Universidade Federal Fluminense e a ANCINE que beneficia a região como um todo, inclusive outras cidades porque ela cria, na área metropolitana junto com o RIO, um grupo de cidades que investe forte no audiovisual, que fortalece o Estado e a vocação do Estado pela beleza que tem e recursos humanos que tem também disponíveis.”
A deputada estadual Soraya Santos explicou ao Gazeta a intenção por trás do NAV e as projeções futuras: “O evento tem um marco que se diferencia de qualquer outro projeto de cinema. Na verdade, a gente está querendo trazer para Niterói um polo da indústria do cinema que envolve várias coisas: capacitação, produção de filme, de estúdio. É um projeto que se agrega à própria natureza cultural da cidade. Então o dia de hoje é um marco porque a gente sempre entendeu que uma coisa é distribuição de filme e outra coisa é a gente olhar para essa indústria criativa e entender que dentro dessa indústria você tem o cinema, que precisa de ferramentas especiais e indutoras para o seu desenvolvimento. Nós temos uma geração que fala de inteligência artificial, estamos falando de videomaker… Essa garotada que precisa aprender games, por exemplo, que é um setor da indústria criativa pouco explorado no Brasil (temos um polo um pouco mais forte em São Paulo) , e Niterói tem toda essa vocação. Então o dia de hoje foi pra mostrar que Niterói tem um pacto com o audiovisual, que é cultura, emprega e transforma.” Ainda questionada sobre a dificuldade para produtoras iniciantes ou de menor tamanho terem acesso aos grandes editais da indústria audiovisual, a deputada respondeu: “Depende muito do formato do edital. Eu acho que cada edital, cada vez mais, tem que prestigiar aquele que está começando. Fazer um recorte, por exemplo, em percentual. Isso é uma coisa a ser discutida não só aqui, mas nacionalmente. Você tem que incentivar quem está começando, as pequenas produtoras, para que um dia elas sejam grandes. É nisso que a gente tem que apostar. Precisamos apostar naquele que emprega, naquele que cria, naquele que produz.”
